Depois de cortejar FHC e Lula, o PSB/Rede busca apoio político para administrar o poder
30 agosto 2014 às 10h23

COMPARTILHAR

Antes que se conhecesse a pesquisa do Ibope, o economista Eduardo Gianetti, conselheiro de Marina Silva em seu programa de governo, ofereceu um recado à praça política. Afirmou em entrevista que a presidenciável do PSB/Rede gostaria ter como aliados os ex-presidentes FHC e Lula.
A entrevista de Gianetti quis dizer com isso que um futuro governo Marina apreciaria uma composição política com o PSDB e PT estabelecida por entendimentos da nova presidente com os dois líderes, cada um em nome do seu partido. O silêncio da candidata a respeito da proposta expressou a concordância com a fala do porta-voz informal.
Conhecida a pesquisa do Ibope, Gianetti renovou o recado. Disse que ele próprio, economista, aceitaria trabalhar na companhia de Fernando Henrique Cardoso num governo tucano. Foi uma maneira de reforçar a mensagem anterior. Se Marina poderia colaborar com um governo Aécio Neves, os tucanos seriam bem aceitos numa presidência marineira.
Respondeu FHC, com ironia, que “no mandato do Aécio, eu gostaria muito de ter a aliança da Marina”. Completou com a afirmação de que a “recíproca é verdadeira”. Estava feito o convite para a candidata se integrar a um futuro governo tucano.
O próprio Aécio entendeu a troca de recados como um reconhecimento de que o esquema de Marina não dispõe de quadros nem de apoio político suficiente para governar. Gabou-se de uma superioridade tucana. “Ninguém tem propostas em condições melhores do que as nossas”, tripudiou. “Quem vai governar é o PSDB com figuras qualificadas.”
O fato prático é que o núcleo dirigente do PSB, a partir dos números do Ibope, já busca alianças em nome da governabilidade numa gestão Marina com a Rede e os socialistas. O presidente do PSB, Roberto Amaral, programa se entender com líderes de outros partidos para a participação de todos num futuro governo.
A preocupação faz sentido. Até porque o esquema PSB/Rede iniciou uma aproximação com empresários para vender as suas ideias de governo baseado em alianças políticas e sociais, o que inclui empresas e setores produtivos, como o agronegócio. Além da conquista de confiança da economia privada, trata-se de explorar um canal de financiamento eleitoral – urgente, pois a pouco mais de um mês da eleição.