Peixe usa dentes na testa para segurar parceira durante o acasalamento, revela estudo
12 outubro 2025 às 15h18

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Cientistas descobriram que alguns machos da espécie peixe-rato-pintado (Hydrolagus colliei) têm dentes que crescem na testa, entre os olhos — e os utilizam para segurar a fêmea durante o acasalamento. A revelação, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), muda o que se sabia até agora sobre a formação dos dentes em vertebrados.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, os dentes se desenvolvem em uma estrutura chamada tenáculo, uma espécie de apêndice de acasalamento típico dos machos. Durante o encontro reprodutivo, o tenáculo funciona como um gancho: os dentes curvados se prendem à pele da fêmea, ajudando o macho a manter o contato.
“É fenomenal encontrar dentes verdadeiros fora da boca”, disse a bióloga Karly Cohen, autora principal do estudo. “Essa descoberta mostra que a natureza é muito mais criativa do que imaginamos.”
Primeira descoberta do tipo
Até hoje, acreditava-se que os dentes de vertebrados só podiam se desenvolver dentro da boca. Mas, com o uso de imagens 3D e análises genéticas, os cientistas comprovaram que as pontas na testa dos machos do peixe-rato-pintado são formadas a partir da mesma lâmina dentária responsável pelos dentes convencionais.
Os genes ativados nessas estruturas também são os mesmos ligados à formação dentária, o que confirma que se tratam de dentes autênticos, e não de simples espículas ósseas.
Um peixe fantasmagórico
O peixe-rato-pintado habita as águas frias do norte do oceano Pacífico e pode viver em profundidades de até 1.000 metros. De corpo liso e brilhante, e com grandes barbatanas que lembram asas, ele tem um nado que parece flutuar, o que lhe rendeu o apelido popular de “peixe-fantasma”.
Por viver nas profundezas, é raramente observado, o que explica por que a anatomia peculiar do macho passou despercebida até agora. O comportamento foi registrado quando exemplares foram vistos subindo para se reproduzir nas águas rasas de Puget Sound, nos Estados Unidos.
A evolução fora do comum
O achado abre caminho para novas investigações sobre a evolução dos dentes e da reprodução dos peixes cartilaginosos, grupo que inclui tubarões e arraias. “Quanto mais exploramos o oceano, mais descobrimos que ele abriga soluções evolutivas inesperadas”, afirmou Cohen.
Os cientistas acreditam que outras espécies marinhas ainda possam esconder estruturas dentárias em locais inusitados. “A natureza nunca deixa de nos surpreender”, completou a pesquisadora.
