O engenheiro de estruturas Rodrigo Da Mata, doutor pela USP e professor adjunto da PUC-GO, fez um alerta, nesta quarta-feira, 24, sobre o estado do viaduto localizado na Avenida 85 com a T-63, em Goiânia. Segundo ele, embora a estrutura esteja funcional e segura, a ausência de manutenção estética e preventiva pode gerar riscos ocultos e comprometer a imagem urbana da cidade.

Rodrigo relembra que há cerca de dois a três anos houve um incêndio causado por materiais altamente combustíveis, como papelão e plástico, armazenados entre as placas de ACM e a estrutura do viaduto. As placas de ACM, que são autoextinguíveis, não propagam fogo, mas o material estocado por pessoa em situação de rua foi o verdadeiro combustível do sinistro.

Após o incidente, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) recomendou à Prefeitura a retirada das placas para inspeção estrutural. O problema, segundo o engenheiro, foi que o acabamento nunca foi recolocado, deixando o viaduto com aspecto visual degradado.

Apesar de a estrutura apresentar boas condições de durabilidade e funcionalidade, o engenheiro destaca que a estética urbana também é uma função importante. Ele compara o viaduto da Praça do Ratinho, que ainda mantém seu acabamento original, com a trincheira da Avenida Anhanguera com a GO-060, que, por não ter acabamento, causa sensação de abandono e desconforto visual. “A cidade vira pedra”, afirma.

Rodrigo também chama atenção para a falta de limpeza periódica das placas de ACM e a ausência de manutenção após pequenos sinistros, como batidas de caminhões. “Tem painel que está sujo há anos. Outros foram danificados e nunca foram restaurados. Isso é ingerência”, critica.

Outro ponto preocupante é a corrosão visível nas estruturas metálicas. Segundo ele, se já há ferrugem na parte externa, é provável que a parte interna, em contato constante com umidade, esteja ainda mais comprometida. “Pode haver danos maiores. É preciso fazer inspeções técnicas para garantir a segurança da estrutura”, alerta.

T-63 com 85 | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O engenheiro reforça que a manutenção deve seguir normas técnicas como a NBR 9452, que exige inspeções anuais em pontes e viadutos. Embora normas não sejam leis, ele lembra que decisões judiciais e o Código de Defesa do Consumidor reconhecem sua força legal. Ele também cita a norma NBR 17.170, que estabelece garantia de um ano para pintura de edificações. Após esse período, é necessário avaliar e planejar manutenções periódicas, como repintura a cada cinco anos.

Por fim, Rodrigo esclarece que as diferenças visuais nas longarinas do viaduto, algumas moldadas no local, outras pré-fabricadas, são resultado de ajustes de projeto para atender à curvatura da via. “Não há problema estrutural. O acabamento escondia isso. Agora, sem ele, surgem dúvidas infundadas”, conclui.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Infraestrutura de Goiânia (Seinfra), que, até o fechamento desta edição, não havia se manifestado sobre o caso. O espaço segue aberto.

Leia também:

Viadutos de Goiânia em colapso silencioso; entenda

Supertufão Ragasa paralisa voos na China e deixa comitiva goiana retida no país

Anápolis vai ganhar hospital de referência com projeto do Sírio-Libanês