Provedores de internet denunciam caos nos postes de energia e cortes sem aviso em Goiânia e em Goiás

10 outubro 2025 às 17h58

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Em reunião realizada nesta quinta-feira, 9, no Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), autoridades e representantes do setor de telecomunicações se reuniram para discutir o abandono de cabos metálicos nas redes urbanas. O encontro contou com a presença do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), além de representantes da Anatel, da Equatorial Energia, do Ministério Público e de empresas do setor.
Durante o evento, Romenig Antonio de Lima, que é presidente da Associação das Empresas Prestadoras de Serviço de Telecomunicação e Internet do Centro-Oeste (ASPRES) e diretor do Sindicato das Empresas de Telecomunicações de Goiás (SET-GO), fez um pronunciamento contundente. Ele destacou os desafios enfrentados pelos provedores de internet diante da ausência de regulamentação para a retirada dos cabos obsoletos e os riscos causados pela negligência na gestão dessas estruturas.

Segundo estudo da SCM Engenharia de Telecomunicações, e apresentado pelo representante dos provedores, foram identificados dois cenários preocupantes:
– Goiás: 384.086 linhas telefônicas desativadas desde junho de 2007, equivalendo a cerca de 74,3 toneladas de cabos metálicos.
– Goiânia: 75.194 linhas desativadas, representando 14,6 toneladas de cabos.
Esses cabos, oriundos de operadoras como Oi, GVT, NET e outras que migraram para fibra óptica ou encerraram suas atividades, permanecem nos postes, gerando riscos à população e dificultando a operação dos provedores.
Cortes sem aviso
Romenig denunciou que a Equatorial Energia tem realizado trocas de postes sem qualquer notificação, cortando cabos indiscriminadamente. “Eles cortam sem avisar. Quando trocam o poste, cortam o cabão. O provedor só descobre quando o cliente liga reclamando. Isso gera prejuízo e perda de cliente”, afirmou.
Em muitos casos, os cabos não são cortados, mas apenas amarrados, criando verdadeiros emaranhados. “O provedor não dá conta de acompanhar. Hoje somos 69% dos acessos residenciais no país. Somos maiores juntos do que Oi, Vivo, Claro e Tim. E não estamos sendo ouvidos”, criticou.
Falta de apoio institucional
Romenig também apontou a falta de cooperação da prefeitura em campanhas anteriores de retirada de cabos. “Queriam que pegássemos os cabos e deixássemos na Comurg, sem oferecer condução ou apoio. Isso inviabiliza a ação”, disse. Ele destacou a diversidade entre os provedores. “Tem provedor que atende dois bairros e fatura R$ 1.200 por ano. Tem outro que fatura R$ 250 milhões e está em todos os bairros. Não dá pra exigir o mesmo esforço de todos. Isso precisa ser feito de forma inteligente”, comentou.
Acidente fatal em Anápolis
O caso da criança que morreu em Anápolis, supostamente eletrocutada por um cabo metálico, foi citado como exemplo da gravidade da situação. Romenig esclareceu que cabos de fibra óptica não conduzem eletricidade e que a descarga teria vindo da iluminação pública, responsabilidade da prefeitura.
“Foi usado como marketing político. A suspeita é que o cabo era de uma operadora de telecom. E a descarga veio da iluminação pública. Culparam os provedores, mas são 40 em Anápolis. Tentamos contato com o prefeito Márcio, mas não tivemos retorno. Mandamos e-mail, fomos pessoalmente, falamos com a chefe de gabinete. Nada”, disse.
Ele alertou para os riscos de cortes indiscriminados. “Você pode cortar o cabo do SAMU, de um hospital, do Corpo de Bombeiros. Hoje, telefonia é digital. Se cortar o cabo, o SAMU não recebe a ligação. Isso é negligência altíssima”, apontou.
Plano de ação
A associação presidida por Romenig anunciou um plano de ação estruturado, com notificações aos provedores regulamentados e identificação dos clandestinos. “Vamos apresentar uma lista à prefeitura e à Anatel. É fácil identificar os irregulares. Eles colocam uma quantidade de cabo aprovada e passam muito mais. Ou trabalham em rede neutra, com apenas uma pasta no braço, usando estrutura de outra operadora”, disse.
A proposta inclui:
– Mapeamento dos provedores por bairro
– Notificação dos irregulares
– Fiscalização de redes neutras e lacres de operadoras
– Envio de peritos da associação em casos de acidentes

Representatividade
Romenig encerrou sua fala reforçando a importância da representatividade dos provedores. “Antes, não sabiam se o cabo era novo ou usado. Hoje, estamos sendo representados. Temos provedores que geram mais de 150 mil empregos só em Goiânia. O mercado é forte e precisa ser respeitado”, afirmou.
Ele também destacou que a internet é considerada serviço essencial desde a pandemia de 2020, e que cortar cabos de internet pode configurar crime. “Tem lei, tem marco civil, tem regulamentação. O provedor está solidário à situação, mas precisa ser ouvido”, fianlizou.
Resposta da Equatorial
A Equatorial Goiás se manifestou, por meio de nota ao Jornal Opção, em resposta aos apontamentos feitos por Romenig sobre a falta de comunicação entre a distribuidora de energia e os provedores de internet, telefonia e TV a cabo durante a troca de postes na capital. Em nota enviada à imprensa, a concessionária esclareceu que, nos casos de obras programadas, as empresas de telecomunicações são previamente informadas por meio de um grupo de WhatsApp e também por e-mail.
Além disso, os provedores podem consultar os detalhes das intervenções diretamente no site da distribuidora (https://go.equatorialenergia.com.br/desligamentos-programados/), onde há uma aba exclusiva dedicada às obras programadas. Segundo a empresa, a relação das ações é atualizada semanalmente como forma de garantir transparência sobre os trabalhos realizados.
A Equatorial destacou que situações emergenciais, como postes danificados por acidentes de trânsito, exigem atuação imediata das equipes técnicas para evitar prejuízos ao fornecimento de energia. Somente neste ano, a companhia registrou uma média de 10 estruturas atingidas por veículos por dia em todo o estado, o que representa um aumento de quase 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. Todas as substituições nesses casos foram realizadas em caráter emergencial.
Por fim, a empresa afirmou que está aprimorando seus canais de comunicação e que, por meio de reuniões promovidas pelo Ministério Público e pela Prefeitura de Goiânia, vem buscando maior aproximação com os provedores, com o objetivo de facilitar o contato e o alinhamento das ações conjuntas.
Nota da Equatorial enviada ao Jornal Opção:
A Equatorial Goiás informa que em relação à troca de postes, nos casos de obras programadas, as empresas de telecomunicações são avisadas previamente por meio de um grupo de WhatsApp e também por e-mail. Os provedores de internet, telefonia e TV a cabo, podem consultar os detalhes ainda pelo site da distribuidora: https://go.equatorialenergia.com.br/desligamentos-programados/, nele existe uma aba exclusiva para falar de obras programadas. Toda semana a companhia atualiza a relação das ações. Uma forma de dar transparência ao trabalho realizado.
A concessionária destaca que a exceção é das situações emergenciais, onde as equipes precisam atuar imediatamente para reduzir possíveis afetações ao fornecimento de energia. Nestes casos, equipes atuam prontamente para garantir o serviço aos clientes goianos. Somente neste ano, foram registradas 10 estruturas atingidas por veículos, por dia, em todo o estado, e todas as substituições realizadas tiveram caráter emergencial. O dado representa um aumento de quase 20% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A companhia destaca ainda que está aprimorando seus canais de comunicação e, por meio das reuniões promovidas pelo Ministério Público e Prefeitura de Goiânia, vem buscando uma maior aproximação com os provedores, facilitando o contato e o alinhamento das ações.
Assessoria de Imprensa da Equatorial Goiás
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