Oruam critica massacre em operação policial contra o CV: “Favela não é campo de guerra”
 Raunner Vinícius Soares
                    Raunner Vinícius Soares
                
                28 outubro 2025 às 19h20

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A ação conjunta das polícias Civil (PC-RJ) e Militar (PM-RJ), batizada de Operação Contenção, na tarde desta terça-feira, 28, deixou ao menos 64 mortos, incluindo quatro agentes de segurança, nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense, Rio de Janeiro.
A operação, que mobilizou cerca de 2.500 policiais e visava o cumprimento de 69 mandados de prisão contra membros do Comando Vermelho, foi marcada por intensos confrontos, barricadas, uso de drones e explosivos. Segundo o governo estadual, o objetivo era conter a expansão territorial da facção criminosa.
O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, usou suas redes sociais para condenar a ação. Crescido no Complexo da Penha, uma das áreas atingidas, o artista classificou a operação como “a maior chacina da história do Rio”.
“Minha alma sangra quando a favela chora porque a favela também tem família. Se tirar o fuzil da mão, existe o ser humano”, escreveu em seu Instagram. No X (antigo Twitter), ele completou: “Favela não é parque de diversão da burguesia, favela é campo de concentração?”.
Oruam, que é filho de Márcio dos Santos Nepomuceno (Marcinho VP), apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, e sobrinho de Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, também enfrenta acusações. A Polícia Civil afirma que ele é investigado por tráfico de drogas e associação ao tráfico, além de promover a chamada narcocultura.
Em julho deste ano, o rapper foi preso preventivamente após um episódio em que, segundo a polícia, teria incitado violência contra agentes durante o cumprimento de um mandado de busca em sua residência. Oruam teria arremessado pedras junto a outros homens, ferindo dois policiais civis. Ele foi solto em setembro por decisão do Superior Tribunal de Justiça, após 69 dias de detenção, e atualmente cumpre medidas cautelares com uso de tornozeleira eletrônica.
Em nota conjunta, os advogados do artista afirmaram que a prisão foi ilegal e que não há provas concretas contra ele. “Nunca existiram evidências acerca de cometimento de crime e tampouco acerca da necessidade da prisão provisória”, declararam os escritórios FHC Advogados, Nilo Batista & Advogados Associados e Gustavo Mascarenha & Vinícus Vasconcellos Advogados.
A operação supera o massacre do Jacarezinho, ocorrido em maio de 2021, que deixou 28 mortos. Três das quatro ações mais letais da história do estado foram realizadas durante o governo de Cláudio Castro (PL).
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