Chefão do PCC, Tuta será transferido para presídio de segurança máxima em SP
07 agosto 2025 às 17h01

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Conhecido como Tuta, Marcos Roberto de Almeida, apontado como uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), será transferido para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. A decisão foi publicada pelo Tribunal de Justiça, nesta quinta-feira, 31/7. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), ele ainda não deu entrada no sistema prisional paulista. Atualmente, está preso na Penitenciária Federal de Brasília, onde cumpre pena desde maio.
A prisão de Tuta ocorreu na Bolívia, também em maio deste ano, após ele tentar renovar sua identidade boliviana utilizando um documento falso brasileiro. A captura foi resultado de uma operação conjunta com a Polícia Federal (PF). Foragido desde 2020, Tuta chegou a ser considerado o principal líder da facção fora da prisão. Embora tenha perdido esse posto, ainda exerce influência significativa na cúpula do PCC.
Em 2022, ele foi condenado pela Justiça de São Paulo a 12 anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa, no âmbito da Operação Sharks. A investigação revelou que cerca de R$ 1,2 bilhão foram enviados ao exterior por meio de esquemas ligados ao tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, com participação direta de Tuta.
Mesmo sendo alvo de mandados de prisão em 2020 e 2023, o criminoso conseguiu se manter oculto. De acordo com apuração da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, ele recebia informações privilegiadas de policiais da Rota sobre operações que ainda seriam deflagradas. O esquema veio à tona após o assassinato do delator Antônio Vinícius Gritzbach, em 2022.
Tuta também ocupou o cargo de adido comercial do consulado de Moçambique em Belo Horizonte (MG). O país africano tem sido utilizado como rota alternativa para o tráfico internacional. Em 2021, a PF apreendeu cinco toneladas de cocaína no Porto do Rio de Janeiro. A carga seguiria para Moçambique antes de chegar à Espanha.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, especialista no combate ao PCC, a facção espalhou a falsa informação de que Tuta havia morrido. A estratégia visava despistar o Ministério Público e a Justiça enquanto ele elaborava um plano de fuga para resgatar Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC, preso desde 1999.
“Tuta chegou a ser dado como morto pelo próprio PCC por má conduta na gestão da facção. Depois, descobrimos que era uma contrainformação para evitar que as autoridades o incomodassem, já que ele estava encarregado do plano de resgate do Marcola”, afirmou Gakiya ao Estadão.
O promotor também relembra que Tuta esteve entre os principais nomes da facção em liberdade durante os ataques de maio de 2006 em São Paulo. Na ocasião, o PCC retaliou contra a transferência de seus líderes para presídios de segurança máxima, atacando delegacias, prédios públicos e incendiando ônibus. Ao todo, 564 pessoas foram mortas, incluindo 59 agentes públicos.
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