Rio Verde, que fica a 231,5 km de Goiânia, foi uma das 14 cidades brasileiras que deixaram de receber voos da Azul Linhas Aéreas. A companhia anunciou, nesta segunda-feira, 11, o encerramento de suas operações nessas cidades. A medida, que representa a eliminação de 53 rotas, faz parte de um processo de reestruturação financeira e operacional da companhia, que enfrenta dificuldades e está submetida ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos. O mecanismo é semelhante à recuperação judicial brasileira.

As mudanças começaram a ser implementadas em março, com parte delas já anunciada em janeiro, quando a empresa comunicou a suspensão de voos em 12 municípios. A decisão foi detalhada em uma apresentação para investidores no início de agosto, na qual a Azul justificou o corte com base na baixa lucratividade das rotas afetadas. A companhia informou que pretende concentrar suas operações em hubs estratégicos, com destaque para o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).

As cidades que deixaram de receber voos da Azul são: Crateús, São Benedito, Sobral e Iguatú (CE); Campos (RJ); Correia Pinto e Jaguaruna (SC); Mossoró (RN); São Raimundo Nonato e Parnaíba (PI); Rio Verde (GO); Barreirinhas (MA); Três Lagoas (MS); e Ponta Grossa (PR).

Segundo a empresa, desde julho, as rotas operadas também passam por um processo de adequação da malha aérea, considerado “normal” e que inclui a implantação de novos voos para a alta temporada. Os ajustes levam em conta fatores como o aumento dos custos operacionais da aviação, impactados pela crise global na cadeia de suprimentos e pela alta do dólar, além da disponibilidade de frota e o atual processo de reestruturação.

Recuperação judicial

A recuperação judicial da Azul foi aprovada pela Justiça norte-americana em 29 de maio, durante a primeira audiência do processo. A companhia obteve autorização para um financiamento de US$ 1,6 bilhão, que será utilizado para quitar parte da dívida e manter a operação durante o período de reestruturação. De acordo com o vice-presidente institucional da Azul, Fábio Campos, parte do capital será destinada à compra de dívidas e parte ao custeio das operações.

Na segunda audiência, realizada em julho, todas as petições apresentadas pela empresa foram aprovadas, segundo comunicado enviado ao portal G1. A Azul reforçou que pretende manter todos os seus ativos e negociar o adiamento de dívidas, além de buscar novos empréstimos com aval judicial.

Ainda em janeiro, antes do início do processo de recuperação judicial, a companhia já havia citado os impactos da crise global e da alta do dólar como justificativas para a suspensão de voos. Na ocasião, anunciou que os voos para Fernando de Noronha (PE) seriam operados exclusivamente a partir de Recife (PE), enquanto os de Juazeiro do Norte (CE) teriam como destino o Aeroporto de Viracopos. Já as operações em Caruaru (PE) foram readequadas devido à baixa ocupação, passando a ser realizadas com aeronaves Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove passageiros.

Comunicado

A Azul destacou que, como empresa competitiva, reavalia constantemente suas operações, ajustando a capacidade à demanda. A companhia afirmou que mudanças fazem parte do planejamento operacional e que os clientes impactados estão sendo comunicados previamente, com assistência garantida conforme a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A reestruturação da malha aérea e o foco em rotas mais rentáveis refletem a tentativa da Azul de atravessar um período turbulento, mantendo sua operação e buscando estabilidade financeira no cenário pós-pandemia e diante das pressões econômicas globais.

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