Após 6 meses da demolição, escombros do antigo prédio da Celg ainda continuam no local e preocupa quem transita pela região

14 agosto 2025 às 18h20

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Após quase seis meses da demolição do prédio da antiga sede das Centrais Elétricas de Goiás (Celg), localizada na Avenida Anhanguera, no Setor Oeste de Goiânia, os escombros ainda permanecem no local. Depois da Celg, funcionou, também, no local a sede da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) até o ano de 2019.
Ao ser questionada nesta quinta-feira, 14, a Seduc informou que deixou o imóvel alugado em 2019 e que tudo o que ocorreu após a desocupação é de responsabilidade do proprietário. A reportagem esteve no local nesta terça-feira, 12, e constatou abandono do local. Também foi verificado que não há nenhuma estrutura que impeça a entrada ou saída de pessoas. No chão, foram encontrados pertences que aparentam ser de pessoas em situação de vulnerabilidade social, possivelmente ocupando o local. Além disso ainda existe a preocupação de pessoas que passam diariamente pela região com insetos e outros animais peçonhentos.
A vendedora Alinne Queiroz vê o descaso com preocupação. “Eu passo aqui todo dia e eu sempre vejo muito inseto no início da noite, principalmente. Aqui tinha que ter tirado esses escombros e cercado a área. O que mais me deixa encabulada que isso tudo está do lado de um hospital”, afirmou. Ao lado da área fica localizado o Hospital Estadual da Mulher, antigo Materno Infantil.
O Jornal Opção entrou em contato nesta quinta-feira, 14, com a Prefeitura de Goiânia e solicitou um posicionamento em relação aos escombros, no qual a Secretaria Municipal de Eficiência (Seme) apontou que notificará o proprietário do imóvel para realizar a retirada do entulho no local. A pasta explicou que segundo o Código de Posturas do Município, após a notificação, o dono do terreno tem até 8 dias para a retirada do material.

Ao Jornal Opção, a Prefeitura confirmou que o proprietário do terreno é a Construtora e Incorporadora Santa Tereza LTDA e outras empresas. A reportagem tentou entrar em contato com a empresa, mas sem sucesso. Nenhum dos canais disponibilizados pela construtora na internet estavam ativos. O espaço fica aberto para qualquer esclarecimento.
História
Erguido no final dos anos 1950, o edifício projetado pelos engenheiros Oton Nascimento e Gustav Ritter rapidamente se consolidou como um marco da arquitetura modernista em Goiânia. Refletindo o espírito de renovação que permeava a cidade naquela época, sua localização estratégica, cercada por construções de grande valor histórico, garantiu ao prédio um papel de destaque na paisagem urbana, tornando-se símbolo da ousadia estética que caracterizou a expansão da capital goiana.

Após décadas de protagonismo, o edifício foi desocupado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em 2019. Sem manutenção adequada, entrou em acelerado processo de deterioração. Infiltrações, depredações e atos de vandalismo se tornaram frequentes, culminando no triste episódio de 2020, quando o afresco de Frei Nazareno Confaloni foi danificado. O que antes era símbolo de modernidade passou a representar o abandono e a negligência urbana, sendo gradualmente apagado da memória coletiva da cidade.
Ainda em 2019, iniciou-se o processo de tombamento do imóvel como patrimônio histórico, buscando garantir sua preservação. No entanto, em 2023, o Conselho Estadual de Cultura (CEC) rejeitou o pedido, alegando que o estado avançado de degradação impossibilitava uma restauração fiel, o que resultaria em um “falso histórico”.

A partir de 2021, os proprietários começaram a solicitar autorização para demolir o prédio, enfrentando forte oposição de entidades como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), que defendiam sua conservação. Apesar dos protestos, a demolição foi aprovada e executada em 2025, fevereiro, encerrando definitivamente a trajetória do edifício.

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