O café, bebida símbolo do Brasil, tem enfrentado uma escalada de preços que preocupa consumidores e movimenta o setor agrícola. Em fala exclusiva ao Jornal Opção, Leonardo Machado, gerente técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), aponta que, em 2025, o Brasil deverá produzir cerca de 55 milhões de toneladas de café, enquanto Goiás contribuirá com 215 mil toneladas, consolidando seu avanço na cadeia produtiva. No ano anterior, em 2024, o Estado já havia exportado 18,5 mil toneladas, evidenciando seu crescimento e relevância no mercado internacional.

Embora Goiás ainda não figure entre os maiores produtores nacionais, Leonardo ressalta que o estado tem ganhado destaque pela qualidade e quantidade do café cultivado, especialmente na região leste. “Goiás de café é algo irrisório, mas o que pesa pra nós aqui é a quantidade e a qualidade do nosso café. Ele tem uma qualidade bastante apreciada, fazendo com que a gente tenha bastante interesse das empresas compradoras de grãos”, afirma.

A cidade de Cristalina, segundo Machado, é atualmente o principal polo produtor do estado. “Nossa principal produção ocorre naquela região mais leste do estado, Cristalina principalmente. É a maior produtora de café nosso aqui”, aponta.

Leonardo Machado, gerente técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG) | Foto: Divulgação

Alta de preços

O aumento do preço do café tem raízes globais. Leonardo aponta que perdas produtivas no Brasil e no Sudeste Asiático, regiões tradicionalmente produtoras, somadas a alta demanda causaram uma queda significativa nos estoques. “Algum tempo atrás a gente teve perdas produtivas no Brasil. No Sudeste Asiático também, uma região muito produtora, fez com que os estoques caíssem bastante, elevando o preço”, explica.

Essa escassez de grãos, somada à valorização internacional do café arábica, contribuiu para um aumento de até 46% no preço em 2024. A tendência continua em 2025, com estimativas de novos reajustes de até 20% até dezembro.

Mercado Europeu em foco

Leonardo destaca que o mercado europeu é hoje um dos principais compradores do café goiano, atraído pela qualidade do grão. Essa valorização está diretamente ligada à evolução no manejo agrícola. “A gente demorou muito a evoluir no manejo correto do café. Tínhamos um manejo que não era focado na qualidade. Hoje é ao contrário. A gente vê muito o café sendo trabalhado com foco na qualidade e também na quantidade”, explica.

A comatização, mecanização e modernização das lavouras foram essenciais para esse salto. “Essa questão de café por meio dessa comatização fez com que a nossa produção aprimorasse bastante”, comenta.

Goiás ganha espaço

Apesar de o Brasil seguir como maior produtor e exportador mundial, Leonardo acredita que Goiás está se consolidando como uma referência. “O Brasil há muitos anos é o maior produtor e exportador de café. Produz uma qualidade muito boa. Mas o nosso estado está sendo cada vez mais marcado por uma produção de quantidade e qualidade”, aponta.

A alta no preço do café é reflexo de uma cadeia complexa que envolve clima, estoques, demanda internacional e qualidade. Goiás, embora ainda pequeno em volume, mostra que pode ser protagonista na produção de cafés especiais, e isso tem atraído olhares do mundo todo.

“O mercado europeu hoje é um grande comprador nosso. Temos grandes vantagens frente a outros mercados. O governo americano começa a ganhar espaço, mas o nosso café já é bastante procurado”, afirma.

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