O Ministério Público de Goiás (MP-GO) e a Defesa Civil listam 99 pontos de alagamento na Capital. Dentre esses pontos estão: a Avenida 87 e nos setores Vila Roriz, Vila São José, Serra Azul, Mirabel e Gentil Meireles. Segundo a Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), essas regiões tiveram operações de limpeza desde o início do ano.

A professora Karla de Faria, do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), explica que o alagamento na cidade acontece por causa de falhas no sistema de drenagem. “Existem várias áreas sujeitas a esse processo em função de deficiência na rede coletora de água da chuva, em especial por conta de bueiros mal dimensionados, inexistentes ou obstruídos com resíduos e lixo”, pontua.

Ela frisa que bairros centrais e que possuem infraestrutura antiga se tornam mais suscetíveis ao acúmulo de chuva. Além disso, há ausência de superfícies permeáveis. “Assim chega mais água dos lotes nas arruamento do que a rede de drenagem suporta”, disse. A especialista indica que as soluções são: manutenção de limpeza constante e conservação da rede de drenagem. Além disso, há necessidade de ampliação de áreas de recarga e a correta destinação do lixo.

Para Karla de Faria há iniciativas que são importantes para evitar grandes enchentes na cidade. “O projeto de jardins de chuva, por exemplo, auxilia no aumento de áreas de recargas e com isso retarda-se os picos de vazão nos canais de drenagem e a disponibilidade de água nas ruas para ser coletada pela rede de drenagem. São projetos importantes a serem avaliados e corretamente implantados em áreas estratégicas da cidade”, indica.

A professora Juliana Barros, da UFG, pesquisadora ambiental, cita que na cidade existem redes pluviais do período da construção da Capital e por isso é necessário a ampliação, melhoria dos dutos e aplicação da legislação, que prevê para as novas construções uma zona de amortecimento de água. No entanto, segundo ela, essas regras não são cumpridas. Outras soluções seriam reflorestamento de praças e calçadas. “A árvore intercepta parte da água da chuva”, afirma. A pesquisadora pontua que outra medida é a recuperação das proximidades dos cursos da água das áreas degradadas, próximas aos córregos, não sendo recomendado a canalização como ocorreu com o Córrego Botafogo.

Nesse sentido, Juliana salienta a necessidade da inserção no reflorestamento de árvores de espécies nativas do Cerrado. “Isso é importante na cidade. A gente não pode ter essas árvores muito altas como as palmeiras”, frisa. Ela defende a instalação de Jardins de Chuvas, projetos adotados em vários países e cidades brasileiras, que vem amenizando os alagamentos. “É um projeto que é implementado e aplicado em várias cidades do mundo. Isso ajuda. Acho que toda ajuda é bem-vinda”, comenta. 

Manutenção

Neste ano, a Seinfra informou que foram construídos ou recuperados quase 5 mil bocas de lobo no Parque Atheneu, Jardim Guanabara, Setor Rio Branco, Parque Tremendão, Jardim Brasil, Setor Oeste, Setor Santo Hilário, Parque Oeste Industrial, Setor Leste Vila Nova, Jardim Novo Mundo, Residencial Mar Del Plata, Jardim Atlântico, Vila Concórdia, Setor Capuava, Conjunto Aruanã II, Residencial Solar Bougainville, Vila Maria Luiza, Setor Central, Setor Carolina Park, Jardim Colorado, Cidade Jardim, Alto da Glória, Jardins Madri, Condomínio Anhanguera, Conjunto Vera Cruz, Jardim Abapuru, Jardim Europa, Setor dos Aeroviários, Jardim Goiás, Residencial Santa Fé, Vila João Vaz, Setor Sul, Setor Maysa Extensão, Parque Anhanguera, Residencial Rio Verde, Jardim Mariliza.

De acordo com a pasta, ao todo, foram retiradas mais de 4 mil toneladas de lixo das bocas de lobo e poços. O total foi de 15.718 mil bocas de lobo, 711 bueiros, e 436 poços de visita limpos. “As novas medidas para evitar inundações e desastres são a continuidade das limpezas de rede, bocas de lobo, córregos e bueiros, assim como a construção e ampliação de novas galerias e obras de drenagem e contenção”, cita a secretaria.