Raquel Pires Sales, bióloga e coordenadora do Movimento Lixo Zero em Goiás, destaca que, em relação à gestão adequada do aterro sanitário de Goiânia, não falta dinheiro, mas sim uma gestão eficiente e correta dos recursos. “A prefeitura tem sim condições de fazer, mas não o faz porque não quer. O problema é que a Comurg é um cabide de empregos. Pela CPI da Comurg, conseguimos ter um panorama da realidade”, relata.

Para ela, empresas estão se aproveitando do prazo final da nova lei do saneamento básico para o fim dos lixões e adequações dos aterros sanitários dentro das novas normas, em benefício próprio, já que possuem a infraestrutura para receber os resíduos.

Contudo, Raquel Pires diz reconhecer que as empresas privadas têm condições de oferecer um serviço de melhor qualidade para a população, observando todos os requisitos obrigatórios em lei. Porém, ela ratifica que se o poder público tivesse mais zelo com o dinheiro do pagador de impostos, a própria Prefeitura conseguiria manter o padrão de qualidade das empresas privadas.

 A nova lei determina as adequações dos aterros sanitários, transformando-os em Centro de Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos (CTDRS), em conformidade com a Lei nº 14.026/2020, que atualiza o marco legal do saneamento básico e estabelece um prazo final para sua implementação em agosto de 2024.

Raquel Pires é coordenadora do Movimento Lixo Zero em Goiás l Foto: Arquivo pessoal

A bióloga afirma ser contra qualquer tipo de privatização por saber que sempre ficará mais caro para a população e por tirar do povo o poder de cobrança. “O que deve ser feito, na minha opinião, é a fiscalização efetiva do uso do recurso destinado para isso e sua correta aplicabilidade”, argumenta.

Na semana passada, o Jornal Opção publicou uma reportagem mostrando um possível superfaturamento no preço da tonelada de lixo do aterro sanitário de Goiânia e cidades de Goiás. De acordo com a apuração, existem duas empresas instaladas em Guapó e Aparecida de Goiânia, com toda a infraestrutura pronta para receber milhões de toneladas de resíduos, que estão atuando junto ao Ministério Público de Goiás com o intuito de acelerar as licitações.

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