Bastidores

O inimigo número do milionário Victor Priori, de Jataí, não são seus adversários políticos. Não verdade, são os eleitores. O empresário, embora gaste com fartura nas suas campanhas, nunca ganhou uma eleição. Consta que vive perguntando: “Como é ganhar uma eleição?” Sim, porque é um atleta da derrota. Do seu currículo constam cinco derrotas consecutivas, entre disputas para prefeito de Jataí e para deputado.
Porém, na disputa deste ano, Victor Priori compartilha a derrota com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e com o senador Ronaldo Caiado. Aliados do empresário sugerem que não teve o apoio político necessário. Seus patronos teriam ficado longe do pleito de Jataí.
Um integrante do PMDB, que participou da campanha do empresário, sustenta que ouviu dele que, além e desfiliar-se do DEM, com o qual não tem identidade, vai abandonar a atividade política para cuidar, unicamente, de seus negócios. Nas atividades econômicas, Victor Priori altamente eficiente. Detalhe: o empresário continuará apoiando um político — o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.

Um jornalista político fez um diagnóstico curioso sobre a tragédia de Itumbiara (o ex-prefeito José Gomes da Rocha e o cabo da PM Vanilson Pereira foram assassinados por Gilberto Ferreira do Amaral): “Notaram que a imprensa falou de todos os políticos que estavam no veículo em que o prefeito foi morto e o vice-governador José Eliton foi ferido. No entanto, havia lá um senador, Wilder Morais, e dele ninguém fala?”
Por que o senador foi ignorado, inclusive pela imprensa. O jornalista explica: “Por que, no fundo, Wilder não é visto como político. Ainda é o grande empresário, dos mais ricos, mas não é visto como político nem mesmo pelos políticos e pela imprensa”. Como dizem os colunistas sociais, faz sentido.

Quando o atirador Gilberto Ferreira do Amaral começou a atirar, com o objetivo de matar sobretudo o ex-prefeito e ex-deputado Jose Gomes da Rocha, o senador Wilder Morais jogou-se no chão do veículo em que estavam fazendo carreata.
Ao se jogar ao chão, para não ser ferido, Wilder Morais, do PP, foi pisoteado pelas outras pessoas e chegou a ficar com uma perna e um pé machucados.
Deitado, Wilder Morais chegou a pensar, num primeiro momento, que o atirador havia matado todos ou quase todos que estava no veículo.

[caption id="attachment_8732" align="aligncenter" width="620"] ACM e Caiado durante evento de campanha em Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Além de não ter crescido nas eleições deste ano em Goiás, Ronaldo Caiado perdeu espaço, em termos nacionais, para o prefeito de Salvador, ACM Neto, que foi reeleito, no primeiro turno, com uma votação consagradora.
Embora diga que apoia Ronaldo Caiado para presidente, porque pretende disputar o governo da Bahia em 2018, ACM Neto agora é o verdadeiro líder do DEM no plano nacional.
Como estrela nacional do DEM, dependendo do cenário de 2018, ACM Neto pode trocar uma disputa pelo governo da Bahia pela vice de Geraldo Alckmin ou mesmo pode disputar a Presidência da República.
O sonho de Antônio Carlos Magalhães, o ACM, era que seu filho, Luís Eduardo Magalhães, que morreu jovem, fosse candidato a presidente da República. ACM Neto provavelmente quer, um dia, disputar a Presidência...

Os luas vermelhas (agora não tão vermelhas) do PT contam que o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide esperava obter pelo menos 30 mil em Anápolis. Porém, com todo o esforço de sua base e o apoio do prefeito João Gomes, do PT, conseguiu apenas 11 mil votos. A votação, claro, é expressiva — foi o mais votado —, mas não é consagradora como era de se esperar de um político que, além de ter sido prefeito por duas vezes, foi candidato a governador de Goiás.
Antônio Gomide não conseguiu, também, eleger João Gomes no primeiro turno. Um petista local contrapõe: o prefeito seria pesado e, só chegou à frente de Roberto do Orion — que a cidade já chama de prefeito —, graças ao apoio do ex-prefeito. Ele seria o candidato-mochila, quer dizer, teria sido carregado por Antônio Gomide, que estaria com problema de coluna.

Carlão da Fox, eleito prefeito de Goianira, terá, a partir de 2017, uma missão inglória. Primeiro, terá de organizar a prefeitura, que é rica unicamente numa coisa: dívidas. Segundo, terá de organizar o corpo de funcionários, que o prefeito Miller Assis bagunçou e está bagunçado. Terceira, terá de contratar uma auditoria com o objetivo de verificar os desmandos possivelmente cometidos pelo líder do PSD e, em seguida, denunciá-lo ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas dos Municípios e à Justiça.
Mas Carlão da Fox, segundo o jornalista Nilson Gomes, não tratará apenas de pautas negativas. Ele quer se tornar uma espécie de Vanderlan Cardoso de Goianira, quer dizer, o político que, de fato, modernizou Goianira. Se ficar preocupado com caça às bruxas, sairá do seu eixo e perderá tempo, por isso deverá deixar Miller Assis por conta de promotores, juízes e, se necessários, policiais. Ele quer manter o pé firme no presente, mas sempre de olho no futuro.
Carlão da Fox pretende, entre outras coisas, construir um centro cultural em Goianira e aumentar seu parque industrial.

Sabe aquele lutador que terminou nocauteado. Está-se falando do PT. O partido que praticamente virou pó em Goiás, conseguiu eleger apenas três prefeitos. Antes eram 17 prefeitos.
Detalhe: dois foram eleitos porque contaram com o apoio da base do governo do Estado. É o caso de Selma Bastos, do PT, que contou com um vice do PSDB.
Em Goiânia, considerada “a praia do PT”, o partido não elegeu nenhum vereador, nem mesmo Carlos Soares, irmão de Delúbio Soares. Os irmãos torraram uma grana alta em Goiânia, mas não adiantou. O eleitor quis banir o PT da capital e conseguiu. Motivos: a gestão considerada de baixa qualidade de Paulo Garcia (mais uma vítima de Iris Rezende) e a debacle nacional do PT.

Políticos de Goiás que circulam noutros Estados têm ouvido com frequência que governadores de outros Estados têm acionado o governador Marconi Perillo como interlocutor junto ao governo do presidente Michel Temer.
Além da ligação pessoal com Michel Temer, o tucano goiano mantém contato com outros integrantes do governo, e não apenas com os ministros José Serra e Bruno Araújo, que são do PSDB.
Detalhe: Marconi Perillo é interlocutor político e administrativo de Michel Temer. O presidente gosta de ouvir um político que, com apenas 53 anos, foi eleito quatro vezes governador, uma vez senador e uma vez deputado federal. Além da experiência como administrador, há a experiência puramente política.

Analistas, pesquisadores, marqueteiros e jornalistas políticos avaliam Marconi Perillo como uma espécie de força da natureza. O governador tucano enfrenta crises sucessivas e, quando se avalia os resultados das eleições, esteja ou não no poder, verifica-se que é um vencedor.
Agora, depois de ampla vitória político-eleitoral de suas bases nas eleições para prefeito e vereador, Marconi Perillo cacifou-se, ainda mais, para voos políticos nacionais. É o que tem ouvido, com frequência, de deputados, senadores e governadores, que o aconselham a entrar de sola no jogo federal.
Por enquanto, dada sua habilidade política e foco n governo de Goiás — a crise, mesmo quando se administra bem, afeta as contas dos Estados —, Marconi Perillo, embora de olho no plano nacional, não discute de forma ampla o assunto. Mas, que é um player nacional, não há mais a menor dúvida.

O vereador Carlos Soares, irmão do mensaleiro Delubio Soares — tudo indica que será promovido a petroleiro —, viu sua votação cair pela metade em Goiânia.
Em alguns bairros de Goiânia, candidatos do PT se apresentavam como candidatos, mas omitiam que eram do PT. Eles tinham medo de apanhar.

De um integrante do PR: “A senadora Lúcia Vânia foi excluída de todas as negociações de Vanderlan Cardoso, candidato a prefeito de Goiânia pelo PSB, das negociações om o PTB de Jovair Arantes, o PSD de Vilmar Rocha e o PR de Magda Mofatto. A pedido dos presidentes dos três partidos”.
Motivo: 2018 está mais à vista do que parece.

O tostão venceu o milhão em Uruaçu, Porangatu, Jataí, Formosa e Águas Lindas.
Em Uruaçu, com uma campanha modesta, Valmir Pedro, do PSDB, derrotou o milionário Azarias Machadinho, do DEM.
Em Porangatu, Pedro Fernandes, do PSDB, venceu o milionário Eronildo Valadares, do PMDB, o prefeito da cidade.
Em Jataí, com uma campanha franciscana, Vinicius Luz, do PSDB, ganhou do multimilionário Victor Priori, do DEM.
Em Formosa, Ernesto Roller, do PMDB, derrotou, com uma votação especular, um candidato, Rodrigo Lacerda, do PSD, bancado por políticos e empresários poderosos.
Em Águas Lindas, Enio Tatico, do PMDB, fez uma campanha quase de candidato a governador, com uma estrutura fabulosa. Os eleitores deram-lhe o troco: reelegendo o prefeito Hildo do Candango, que saiu de seu eixo e fez uma campanha modesta e serena.

[caption id="attachment_77222" align="aligncenter" width="620"] Lêda Borges em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Fernando Leite[/caption]
Ao trabalhar, de maneira decisiva, para eleger Pábio Mossoró, do PSDB, para prefeito de Valparaíso, a secretária de Cidadania e Trabalho do governo de Goiás, Lêda Borges, cacifa-se tanto para a disputa da reeleição para deputada estadual quanto, na hipótese de Célio Silveira disputar a vice-governadoria — numa composição com José Eliton, do PSDB —, para deputada federal.

O Jornal Opção perguntou ao tucano Valmir Pedro: “Como conseguiu ser eleito prefeito de Uruaçu com escassos recursos financeiros e enfrentando um milionário como Machadinho?” Resposta: “Conquistei o apoio dos segmentos organizados da sociedade. A Igreja Católica se posicionou com firmeza. Os empresários ficaram do meu lado. Políticos trabalharam de maneira incansável na campanha. Os eleitores entenderam que, entre a aventura, Machadinho, e a razão, eu, ficaram com meu projeto. Devo muito aos deputados Thiago Peixoto e Eliane Pinheiro que, enquanto alguns políticos da base ficaram ao lado de um representante de Ronaldo Caiado, ficaram ao meu lado até o fim”.

[caption id="attachment_73080" align="aligncenter" width="620"] Nick Barbosa, e sua mulher, Maria Lúcia | Reprodução[/caption]
Parte dos candidatos a prefeito pelo DEM não primou pela qualidade. Sem aliados na maioria dos municípios, o senador Ronaldo Caiado buscou nomes sem a necessária qualificação. Acabou prevalecendo como critério o fato de ter dinheiro ou disposição de ser candidato. Em Uruaçu, Azarias Machadinho não teve coragem de participar de debates, porque não conseguia se expressar. Em Minaçu, Nick Barbosa mal consegue completar duas frases e não acerta uma concordância verbal.
Em Jataí, com dificuldade para se comunicar com o eleitorado, Victor Priori perdeu a eleição para o jovem Vinicius Luz. Homem culto, Ronaldo Caiado surpreendeu, pela primeira vez, pela baixa qualidade das companhias políticas.