Bastidores
De um deputado federal: “É lamentável ver o deputado federal Waldir Soares cabisbaixo em Brasília. Ele pensou que ia chegar num dia, na Câmara dos Deputados, e, no dia seguinte, estaria abafando”. Waldir Soares estaria triste, decepcionado, porque descobriu que, em Brasília, embora não queira, pertence ao baixo clero. Agora, com menos de um mês de Câmara dos Deputados, o deputado só pensa em disputar as prefeituras de Aparecida de Goiânia, menos, ou de Goiânia, mais. O deputado tucano, o mais votado das eleições de 2014, estaria acreditando que, como prefeito, tem mais condições de fazer alguma coisa pelos eleitores do que como deputado. Em Brasília, apresenta-se um projeto e ele raramente é aprovado, exceto se cair nas graças dos líderes.
De um petista: “Paulo Garcia está muito desgastado dentro do PT. Muitos atribuem o pífio desempenho eleitoral do partido em 2014 à sua gestão, apontada como fraca, na Prefeitura de Goiânia. Mas ninguém se manifesta porque até integrantes dos diretórios estadual e metropolitano têm cargos no Paço Municipal”. O petista acrescenta: “O presidente do diretório metropolitano, Luis Cesar Bueno, tem pelo menos 30 cargos importantes na prefeitura. Inclusive, sua mulher tem um cargo de proa. Como ele, mesmo considerando que Paulo Garcia vai mal, vai criticá-lo?” “Luis Cesar é competente, inteligente e entende de finanças públicas. Portanto, sabe que a gestão de Paulo Garcia não tem futuro. Ele sabe que, com Paulo Garcia, um gigante que não se pode esconder, o PT não tem chance de eleger o próximo prefeito. Por isso defende a aliança com Iris Rezende”, ressalta o petista.
Ex-candidato a senador — não ganhou mas fez uma campanha criativa —, Aguimar Jesuíno diz que, no momento, está trabalhando na organização da Rede Sustentabilidade em Goiás. “A Rede não tem presidente. Em Goiás terá dois porta-vozes, um homem e uma mulher: eu e a professora Ceilla Portilho”, afirma Aguimar Jesuíno. Ele permanece filiado ao PSB, mas vai deixar o partido assim que o outro partido conseguir seu registro. “Nós queremos construir uma aliança para disputar a Prefeitura de Goiânia. A Rede terá nomes consistentes, como Major Araújo e Djalma Araújo, no momento filiados a outros partidos. Meu nome também ficará à disposição do nosso grupo político”, anota Aguimar Jesuíno.
O prefeito de Morrinhos, Rogério Troncoso (PTB), tem duas características. Primeiro, é um gestor eficiente, que sabe equilibrar receita e despesa, investir em obras relevantes e manter a cidade limpa. É a boa notícia.
Segundo, é um político autoritário, pouco dado a relacionamento cordial com a população e, mesmo, com aliados. É a má notícia.
Mesmo assim, dificilmente será derrotado na disputa de 2016. Há algum tempo, ao rejeitar o autoritarismo do prefeito, o eleitorado decidiu trocá-lo por um professor que tinha a imagem de “bonzinho”. Porém, no poder, ele se revelou inoperante e a sociedade passou a ter saudade de Rogério Troncoso, ou “Zangoso”, como costuma chamá-lo alguns adversários.
De tão célere e hiperativo, o deputado estadual José Nelto ganhou um apelido dos colegas: Zé Buscapé. José Nelto está brilhando na Assembleia Legislativa e está incomodando o ciumento Adib Elias (sim, o que levou uma surra em Catalão; surra física mesmo). Adib está profundamente irritado com o fato de que Zé Buscapé aparece mais na mídia do que ele. Ocorre que, como dizem os jornalistas, Zé Buscapé Nelto é mais simpático e tratável no relacionamento com a mídia. Nelto tem outra virtude: aceita críticas e não é paranoico nem adepto de teorias conspiratórias.
A cúpula da Eletrobrás mandou um recado duro: não quer políticos atrapalhando a recuperação da Celg. Acredita-se que a crise da companhia de eletricidade de Goiás decorre, em grande parte, de seu uso, ao longo do tempo, para se fazer política.
O presidente da Celg, Leonardo Lins, técnico indicado pela Eletrobrás, ante a polêmica estabelecida — PMDB e PT plantaram na imprensa que vão passar a controlá-la, com Carlos de Freitas, Sebastião “Juruna” Ferreira Leite ou Antônio Gomide —, decidiu permanecer em Goiânia. Até segunda ordem. “Uma coisa é certa: o comando só muda, se mudar, após a consolidação do controle da Celg pela Eletrobrás”, diz um dirigente da companhia.
O dirigente sugere que as mudanças no comando da Celg serão feitas a partir de Brasília. “O pacote completo sai de lá; aqui, será cumprido. Mas aposto que não colocarão nenhum político na direção da companhia.”
Comenta-se que, avaliando que a OAB Forte perdeu parte dos dentes, Leon Deniz pode colocar seu nome em pauta. Lúcio Flávio e Paulo Teles não gostaram de saber que Deniz está “animadinho” com a possibilidade de, finalmente, ter chegado a “sua vez”. A situação está dividida. Mas a próxima crise pode ser das oposições.
Djalma Rezende lançou seu nome para a presidente da OAB na semana passada. É apontado como o advogado mais rico do Estado. O “Júnior Friboi da advocacia”, sublinham. O problema é que o fato de ter muito dinheiro assusta seus colegas.
[caption id="attachment_28133" align="alignright" width="250"]
Presidente Enil tem muito trabalho a fazer se quiser ser reeleito | Foto: reprodução[/caption]
A imagem da OAB-Goiás hoje é ruim? É, sobretudo porque, com o apoio da imprensa — que não examina os fatos com isenção, sem sensacionalismo —, parte das oposições está disseminando o boato de que a dívida da instituição resulta de má gestão e até de desvios financeiros. Não é nada disso.
Na verdade, a cúpula da OAB, de Felicíssimo Sena a Miguel Cançado, passando por Henrique Tibúrcio e, agora, por Enil Henrique, investiu numa infraestrutura ampla, para atender de maneira mais eficaz os advogados de todo o Estado. As dívidas são resultado dos investimentos.
Dado o circo que está sendo montado por alguns mal intencionados, o grupo que controla a OAB está com a imagem ligeiramente arranhada.
Porém, como Enil Henrique — também tesoureiro da Maçonaria — tende a organizar as finanças da instituição, a partir de um enxugamento franciscano, quando as eleições chegarem, em novembro deste ano, o quadro será outro, possivelmente será diverso do atual.
Uma coisa é certa: Enil Henrique tem dito que não disputará a presidência da OAB em novembro. Porém, se colocar a casa em ordem e com habilidade para articular, pode ser aclamado pela OAB Forte e disputar a reeleição.
De um tucano-evangélico: “O deputado federal Fábio Sousa quer disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2016, mas não vai para uma disputa a ferro e fogo. Há pré-candidatos se comportando como candidatos e vão acabar com a imagem corroída”.
[caption id="attachment_29092" align="aligncenter" width="620"]
Foto: reprodução / Facebook[/caption]
A oposição em Goiás é mesmo atuante. Júnior Friboi (do PMDB “Retirante”), depois de criticar Iris Rezende, viajou para o exterior. Enquanto isso, em Goiânia, o peemedebista-chefe articulava com o senador Ronaldo Caiado e outros líderes “menores” (como José Nelto e Samuel Belchior) e bissextos (como Adib Elias) do partido.
Vanderlan Cardoso (PSB), por sua vez, esquiava nos Estados Unidos, com sua mulher, Isaura.
Pelo menos Friboi e Vanderlan estão conhecendo o mundo. Ao contrário de Iris Rezende e Alcides Rodrigues, que tinham pavor de viajar até Brasília, a 200 quilômetros de Goiânia.
O advogado João Paulo Brzezinski é o mais novo assessor especial do governador Marconi Perillo. Jovem e competente, Brzezinski vai colaborar com a equipe do governador na área de assessoramento jurídico. O tucano-chefe tem apreço especial pelo advogado e amigo.
Em Morrinhos um único político é páreo de fato para o prefeito Rogério Troncoso, o “Zangoso”, do PTB. Trata-se do empresário Joaquim Guilherme, do PR. O problema é que, embora admita que pode disputar, ele sempre foge da raia. Consta que é pão-duro e não quer gastar dinheiro na campanha. Aliados de “Zangoso” dizem outra coisa: Guilherme teme perder para o prefeito e ficar desmoralizado politicamente. Assim, na falta de Guilherme, a oposição deve lançar, pela segunda vez, o jovem e, politicamente, imaturo Tiago Mendonça, do PMDB. Guilherme teria tentado atrair Mendonça para a base do governador Marconi Perillo, porém, devido a injunções políticas locais, o produtor rural optou por permanecer no PMDB. Na campanha passada, embora tenha sido derrotado, Mendonça fez uma campanha bem feita, qualitativa (trabalho da competente equipe de Jorcelino Braga). Em 2016, mais amadurecido, talvez tenha alguma chance contra “Zangoso”, por sinal bem avaliado pela população. O prefeito consegue a proeza de ser considerado antipático e, ao mesmo tempo, popular pelos eleitores.
Comentário de um peemedebista: “O prefeito de Porangatu, Eronildo Valadares, do PMDB, é muito bem intencionado e está enxugando a máquina pública. Quando terminar o mandato, as contas estarão quase todas em dias — o que será muito positivo para seu sucessor. Por outro lado, a imagem de Eronildo estará erodida e dificilmente ele terá condições de se reeleger”. Noutras palavras, segundo o peemedebista, Eronildo está fazendo um enxugamento para vai facilitar a gestão do próximo prefeito. Porém, para fazê-lo, enfrenta um processo de erosão de sua popularidade. O próximo prefeito tende a ser “melhor” do que o peemedebista, porque deve receber uma prefeitura mais ajustada. Mas o próprio Eronildo sairá com a imagem desgastada. Do ponto de vista estritamente técnico, Eronildo está fazendo a coisa certa. Do ponto de vista político, pode estar enterrando sua carreira.
O deputado Mané de Oliveira (PSDB) assumiu a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Goiás. Segundo um deputado do PSDB, Mané de Oliveira entente tanto de meio ambiente quanto José Nelto de física quântica. Mas Oliveira é esperto, não é nenhum “mané”, e aprende rápido. Daqui a pouco estará dando aula de meio ambiente a Jacqueline Vieira.

