Vereadores levantam o tom contra onda de cassações após áudio polêmico

07 novembro 2023 às 15h20

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Vereadores da Câmara Municipal de Goiânia levantaram o tom contra a recente onda de cassação de chapas durante a sessão desta terça-feira, 7. Após o vereador Pastor Wilson revelar um áudio atribuído a um assessor de Igor Franco (Solidariedade), vários parlamentares se revoltaram com a situação. Muitos criticaram o líder do bloco Vanguarda e o acusaram de estar por trás do movimento de cassação de mandatos.
Em nota, Igor Franco chamou o ocorrido de “lastimável episódio de acusações levianas”. Veja a nota na íntegra ao final da matéria.
No áudio, o suposto assessor conta que Franco teria pagado R$ 1 milhão por decisões envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, não há mais detalhes a respeito do que seria o suposto pagamento.
“[…] Ela me falou hoje o que o Igor (Franco) vai lá hoje pessoalmente no prefeito resolver coisa de novo. Veio pra ver o que aconteceu e pra ver o que está pegando. Aí, segundo ele [Franco], vai forçar a barra com o prefeito lá e se for preciso, ele vai agilizar mais rápido ainda a cassação de alguns vereadores que estão atrapalhando ele. Dinheiro ele tem, aliás a família dele tem dinheiro demais. Só nessa aí de derrubar o Bruno [Diniz] mais… Na verdade, foi o último, o Marlon [Teixeira] mais o Professor Márcio, foi lá no STF e foi um ‘pauzinho’, um milhão que ele pagou lá, só para você ter uma ideia”, diz o suposto assessor em áudio que circula pela imprensa.
Após a reprodução do áudio no plenário, Wilson e outros vereadores afirmaram que não veem a possibilidade de que Franco estaria pagando algum ministro do STF e/ou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, o parlamentar alerta que o caso é “muito grave” e que precisa ser averiguado.
“Já vou notificar a Câmara a respeito para que ela tome as providências necessárias, isso não pode acontecer neste Parlamento”, contou Wilson, em entrevista coletiva. “Essa denúncia precisa chegar na corte do TSE. (…) Agora eu pretendo conversar com o meu jurídico para decidir qual passo nós vamos tomar”, acrescentou.
O parlamentar do Partido da Mulher Brasileira (PMB) também demonstrou revolta com ameaças de que ele seria o próximo vereador a perder o mandato. Conforme contou em sua fala na tribuna, a chapa da sua legenda e a do Partido Social Cristão (PSC) poderiam ser a próximas que seriam cassadas. Ou seja, os vereadores Edgar Duarte (PMB) e Léia Klebia (PSC) também podem perder o mandato.
De acordo com o Wilson, o áudio e a conversa que o assessor de Franco teria enviado foram registrado em ata notarial em cartório. O vereador também pretende ir para Brasília tratar sobre o assunto.
O Jornal Opção também entrou em contato com Igor Franco a respeito da denúncia de hoje. Ele declarou o que segue:
“Tendo em conta o lastimável episódio de acusações levianas ocorridos hoje na Câmara Municipal de Goiânia, nos importa esclarecer o que segue.
Assim como vem ocorrendo em todo país, inúmeras chapas vêm sendo cassadas pelo TSE por fraude à cota do gênero feminino.
Um candidato, advindo de uma chapa fraudada, ou seja, que não foi eleito legitimamente, na tentativa tosca, infeliz e atabalhoada de intimidar Juízes do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, apresentou um áudio do ano passado de um servidor efetivo da Prefeitura de Goiânia onde o mesmo faz ilações inverídicas e levianas de que este Vereador pagaria um milhão por cada cassação desta Câmara junto ao TSE.
Tal acusação requentada, lastreada em áudio do ano passado, referindo-se inclusive à Decisão de cassação do Partido Cidadania pelo Ministro aposentado Ricardo Lewandowisk, revela-se tosca por sua própria essência.
Tal conduta manifesta tão somente o desespero e despreparo daquele que está fazendo hora extra na Câmara Municipal de Goiânia e intentando um matreiro e infrutífero plano de tentar intimidar a Justiça Eleitoral.
Deste modo, registro meu profundo repúdio e reproche a tal prática leviana deste indivíduo que nem sequer eleito foi o qual intenta em intimidar o TSE e seus Membros a não seguir corrigindo as fraudes perpetradas na linha de sua pacífica jurisprudência.”
Dança das cadeiras
Diversos vereadores acusam Franco de estar por trás das recentes cassações de mandato na Câmara Municipal de Goiânia. Recentemente, o vereador Paulo Henrique da Farmácia (Agir) perdeu o mandato por desrespeitar a cota de gênero nas últimas eleições. Uma situação que irritou inúmeros parlamentares.
Outro parlamentar que está próximo de perder a cadeira na Casa é Léo José (sem partido). Na última sexta-feira, 3, o TSE comunicou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a respeito da cassação do mandato. A expectativa é de que Bill Guerra Mochilink (Solidariedade) assuma a vaga, conforme mostrou o Jornal Opção anteriormente.
Além de Paulo Henrique da Farmácia, Léo José, Pastor Wilson, Edgar Duarte e Léia Klebia, os vereadores Thialu Guiotti (Avante) e Geverson Abel (PMB) também estão ameaçados, os dois foram eleitos pela chapa do Avante que também teria fraudado as regras envolvendo a cota de gênero.
Revolta na Câmara
Após as falas de Wilson, outros vereadores usaram a palavra para comentar sobre a denúncia. Ronilson Reis (sem partido) considerou o áudio algo “gravíssimo” e pediu que providências sejam tomadas imediatamente. “A Polícia Federal (PF) tem que investigar porque estão usando nomes de ministros do TSE e do STF”, disse o parlamentar.
Citada como um dos nomes ameaçados, Klebia classificou a situação como problemática para a Casa e defendeu a sua eleição em 2020. “Estão querendo usar a Justiça para derrubar uma mandato legítimo e ganho no voto”, afirmou.
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