Vereador de Goiânia destina R$ 300 mil a empresa ligada a investigação de fraude no Tocantins

09 outubro 2025 às 13h00

COMPARTILHAR
O vereador de Goiânia Léo José (SD) destinou uma emenda parlamentar de R$ 300 mil à empresa Veros Ambiental, do empresário José Rogério Schalch, investigado pela Operação ONGs de Papel, da Polícia Civil do Tocantins (PC-TO). A operação apurou desvios de R$ 12 milhões em contratos públicos relacionados à realização de eventos culturais e esportivos com o governo tocantinense.
A aprovação do plano de trabalho e da celebração do termo de fomento foi publicada na edição do Diário Oficial do Município (DOM) desta terça-feira, 7, pela Secretaria Municipal de Articulação Institucional e Captação de Recursos (Secap). O repasse, contudo, ainda não foi empenhado, mas deve ocorrer nos próximos dias.
O projeto prevê a realização da 4ª Virada Cultural, programada para acontecer neste sábado, 11, na Praça do CEU das Artes Flamboyant, no Setor Residencial Flamboyant, região Sudeste da capital. Segundo a Secap, o evento ocorrerá na Avenida Bela Vista, mas não há divulgação oficial da ação nas redes sociais do vereador nem em canais ligados à empresa.
Empresa investigada
A Veros Ambiental Sociedade Ambiental, Cultural e Educacional tem como proprietário o empresário José Rogério Schalch, natural do Tocantins. Em outubro de 2024, Schalch foi alvo de buscas e apreensões em uma operação que investiga fraudes em contratos públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De acordo com a investigação, outra entidade, o Instituto Cultural Amigos da Música (ICAM), de Jomar Casteluci, firmava contratos com empresas de fachada para favorecer a Veros Ambiental. Entre essas empresas estão a Som Nova Geração e a T2 Produções, apontadas como instrumentos para a execução dos desvios.
A Veros não possui presença digital relevante. Seu site exibe apenas imagens de banco de dados e não detalha suas atividades. Na internet, é possível localizar registros de convênios com prefeituras do Tocantins e com o governo estadual para a realização de eventos culturais. Também há uma proposta de parceria com o Governo de Goiás, voltada à participação na edição de 2024 do programa Mais Araguaia.
Articulação de ex-secretário de Aparecida
Ao jornal Opção, o vereador Léo José afirmou que a destinação do recurso contou com apoio “estratégico” do ex-deputado estadual e ex-secretário de Cultura de Aparecida de Goiânia, Marlúcio Pereira, exonerado da pasta em agosto de 2025 após ser condenado por improbidade administrativa.
Segundo o parlamentar, Marlúcio solicitou a emenda com o objetivo de realizar um evento cultural na região de divisa entre Goiânia e Aparecida.
Ainda de acordo com o vereador, afirma que não tinha conhecimento das investigações em curso e que a empresa não apresentava irregularidades na busca do CNPJ da filial goiana. Por isso, não deve contemplar a companhia para receber os recursos públicos no exercício de 2026. Da mesma forma, reafirma que somente indica a destinação, mas é a prefeitura que faz os repasses.
O Jornal Opção tentou contato com o ex-secretário de Aparecida para obter posicionamento sobre o caso, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para uma futura manifestação.
Segundo a Secap, em nota, a escolha dos projetos e da instituições beneficiadas é a cargo do vereador que destina as emendas. Contudo, afirma que fiscaliza e monitora a tramitação dos processos, enquanto a instituição fica a cargo de fazer a prestação de contas após a ação.
Confira a nota na íntegra:
“A Secretaria Municipal de Articulação Institucional e Captação (SECAP) informa que por se tratar de emenda impositiva, fica a cargo dos vereadores de Goiânia, a escolha dos projetos e instituições beneficiadas.
Toda a documentação da Instituição foi analisada de acordo com a legislação vigente, além do plano de trabalho, que foram aprovados com a formalização do termo de fomento e liberação dos recursos.
A tramitação dos processos é acompanhada e monitorada pela Secap. Após o final da vigência do Plano de Trabalho, a Instituição terá o prazo de 60 (sessenta dias) para apresentar a prestação de contas de tudo que foi gasto com os recursos liberados por meio da emenda impositiva. A Prestação de Contas é analisada e encaminhada para a Controladoria Geral do Município (CGM) que tomará medidas cabíveis em caso da não utilização dos recursos de forma adequada, o que pode ocasionar na devolução dos recursos e até impedimento para que novos contratos sejam realizados com o município de Goiânia.”
Leia também: Confira nome das empresas envolvidas na Operação ONGs de Papel, que apura fraudes em contratos públicos no Tocantins