Empresário denuncia médico da Hapvida na Tribuna da Câmara

26 junho 2025 às 14h19

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A atuação de um médico contratado por uma operadora de plano de saúde foi o principal tema da Tribuna Livre da Câmara Municipal de Goiânia na manhã desta quinta-feira, 26. Durante a ordem do dia, o empresário Márcio Lima apresentou denúncias contra um neurocirurgião da Hapvida que era contratado pela empresa até janeiro de 2025, o nome do profissional não foi informado.
Como conta, o empresário foi submetido a uma operação de artrodese lombar no dia 23 de dezembro de 2024 que foi mal-sucedida pelo posicionamneto de oito pinos de suporte. A cirurgia debilitou a mobilidade da perna esqurda de Lima, que atualmente anda com a assitência de uma muleta.
“A operação foi mal sucedida por erro de procedimento e falta de acompanhamento, fiquei 22 dias [depois da cirurgia] sem supervisão nenhuma. Pediu uma tomografia que mostrou o problema, mas não propôs continuar o acompanhamento comigo.”
Seis meses depois, Lima afirma que ainda não conseguiu voltar ao trabalho pelas dificuldades com a cordenação motora da perna. Devido ao caso, integra uma ação na Justiça para responsabilizar o médico e a operadora que financiaram o procedimento. “A análise do meu caso revela violações sistemáticas aos protocolos da sociedade médica especializada em cirurgia de coluna, incluindo o manual de diretrizes e codificações de cirurgia vertebral”, afirmou na tribuna.
Com a ação, o ex-candidato pelo Legislativo goianiense aglutinou um grupo com outras quatro pessoas que também foram prejudicadas com o erro médico do mesmo profissional, como a lojista Janaína Nunes, que esteve presente na sessão plenária deste dia 26.
Ao contrário do empresário, Janaina foi operada no cérebro seguindo um diagnóstico errado de um suposto tumor cerebral, quando na verdade tinha um quadro de má formação de uma veia no cérebro.
Segundo o esposo de Janaina, Diego Nunes, o procedimento retirou parte da massa encefálica de Janaína, o que causou uma perda na mobilidade de toda parte esquerda da lojista, bem como uma ferida na cabeça que durou dois anos para cicatrizar. “O médico decidiu por conta própria fazer uma cirurgia de abertura de crânio para retirar o tumor que não existia. E depois quando fomos consultar outros médicos descobrimos que não precisava de ser uma cirurgia tão agressiva. Só uma desobstrução da veia pela virilha já bastava”, afirmou.

O testemunho de Lima rendeu comentários de vereadores que pediram por uma fiscalização sobre os atendimentos dos planos de saúde privados a partir de reclamações semelhantes, como a vereadora Kátia Maria (PT). O presidente da Casa em exercício, Anselmo Pereira (MDB), afirmou que entregará o caso para a Comissão de Saúde e pediu que o colegiado, presidido pelo vereador Dr. Gustavo (Agir), se debruçar sobre o tema das operadoras.
Em maio de 2025, o vereador Heyler Leão (PP) criou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o calote das operadoras sobre atendimentos de crianças do espectro autista, seguindo divulgação de casos de famílias que tiveram o tratamento não financiado pelo plano. O colegiado se baseia no artigo 196 da Constituição Federal, que garante a saúde como direito de todos e dever do Estado, além de legislações específicas que regulam a atuação dos planos de saúde e a garantia de tratamento contínuo às pessoas com TEA.
Enquanto isso, o vereador Denício Trindade (UB), responsável por organizar a manifestação, afirmou ao Jornal Opção que o objetivo da manifestação na tribuna foi evidenciar um problema maior com o atendimento dos planos de saúde particulares. Além disso, afirma que corrobora com a aflição de Márcio por possuir um parente que também sofreu por um erro médico. “A gente está observando aí que os planos de saúde estão praticamente todos visando só o lucro e não o atendimento aos seus usuários.”
O Jornal Opção entrou em contato com a Hapvida, que encaminhou uma nota à imprensa. Veja abaixo.
Nota à imprensa
A empresa informa que adota práticas assistenciais alinhadas aos padrões de segurança, sempre pautada na transparência, ética e qualidade no atendimento.
Esclarece que tem mantido contato com o beneficiário em questão para qualquer informação em torno dos procedimentos realizados. Reforça, também, que está à disposição dos demais clientes citados para oferecer acolhimento e prestar todo suporte necessário.
O cuidado com a saúde e o bem-estar de cada paciente é prioridade, prezando pelo respeito, responsabilidade e pela busca contínua por um atendimento resolutivo e humanizado.
A empresa permanece à disposição para prestar os esclarecimentos necessários, com respeito às autoridades e instituições responsáveis.
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