A Câmara Municipal de Goiânia deve instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar e propor soluções para o problema dos fios soltos que se acumulam nos postes da capital. O requerimento foi apresentado pelo vereador Coronel Urzêda (PL), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor (CDC), e já conta com o apoio de 28 vereadores, incluindo o presidente da Casa, Romário Policarpo (PRD).

Segundo Urzêda, o objetivo da comissão é encontrar uma solução definitiva e compartilhada entre o poder público, as empresas responsáveis e os órgãos de controle. “Há cerca de três meses realizamos uma audiência pública aqui na Casa. Chamamos à responsabilidade as empresas de telefonia, internet e todas que utilizam esses cabos, além da Equatorial, que não compareceu. E aí começa o problema, ninguém assume a responsabilidade, um empurra para o outro”, afirmou.

O parlamentar destacou que a intenção não é punir o setor produtivo, mas sim resolver o impasse.

“O objetivo não é penalizar empresários, nem demonizar as empresas, mas resolver esse problema de forma definitiva. Esses fios, do jeito que estão, parecem um ‘ninho de guacho’. Eles poluem visualmente, o que já configura crime ambiental, mas vão além disso: mutilam, ferem e matam. Temos casos de pessoas idosas, cadeirantes, crianças e motociclistas que se envolvem nesses cabos soltos e acabam sofrendo acidentes”, relatou.

Urzêda lembrou que Goiânia já registrou tragédias relacionadas ao problema. Um exemplo foi a morte de uma adolescente de 17 anos, que sofreu uma descarga elétrica durante uma chuva, no final de setembro.

Segundo ele, a proposta da CEI é construir um modelo que possa servir de referência para todo o país. “Queremos criar uma solução em parceria com as empresas responsáveis, como a Equatorial, as operadoras de telefonia e internet, e também com órgãos como o Ministério Público, a OAB e a Prefeitura. A Prefeitura, aliás, não será investigada — ela será parceira, por meio da Agência de Regulação e da Secretaria de Eficiência”, explicou.

O presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), também manifestou apoio à iniciativa.“Eu mesmo assinei a CEI e entendo que ela tem o dever de entregar um resultado à sociedade em relação ao que está visível hoje para todos. É um problema grave da cidade”, afirmou.      

“A Prefeitura será parceira da Câmara para que essas empresas que abandonam cabeamentos sejam punidas devidamente, inclusive multadas. A falta de segurança é enorme, está tudo exposto, a cidade está feia, e a Prefeitura nem cobra dessas empresas pela utilização desse espaço, que em outros estados e cidades é cobrado. Entendo que essa CEI, na verdade, é um auxílio à Prefeitura nesse assunto”, pontuou o líder do Legislativo.

A expectativa é de que a CEI dos Fios Soltos seja instaurada na próxima semana, segundo o presidente.

Líder do prefeito Sandro Mabel (UB) na Câmara, o vereador Wellington Bessa (DC) também elogiou a criação da CEI. “Vejo essa iniciativa, que foi iniciada como um passo importante para modernizar essa parte e trazer mais segurança para a nossa comunidade. Não discuti especificamente com o prefeito sobre essa questão, mas acredito que pode ser um ponto positivo para melhorar, esteticamente, e também a segurança da nossa cidade”, afirmou.

Bessa confirmou que assinou o requerimento: “Sim, assinei a pedido do propositor. Não pretendo fazer parte da comissão nem apresentar apontamentos, mas quero cobrar um resultado eficaz do procedimento”, disse.

A CEI dos Fios Soltos deverá reunir representantes das concessionárias, órgãos de fiscalização e entidades da sociedade civil para definir medidas de prevenção, padronização e fiscalização da rede de cabeamentos na capital.