A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira, 14, as primeiras prisões por crimes relacionados com o orçamento secreto, no Maranhão. A operação nomeada como “Quebra Ossos” prendeu os irmãos Roberto e Renato Rodrigues de Lima, suspeitos de atuarem em uma rede criminosa envolvendo o Sistema Único de Saúde (SUS) de municípios do Estado. Os dois controlariam a empresa RR de Lima, que teria contratos com várias cidades maranhenses.

De acordo com a reportagem publicada pela revista Piauí, o esquema funcionava com as prefeituras registrando consultas e atendimentos médicos que nunca ocorriam para, a partir daí, obter dinheiro de emendas parlamentares do orçamento secreto – ou seja, verbas públicas que podem ser enviadas para parlamentares que não precisam ser identificados.

Segundo as planilhas oficiais do Congresso, Roberto seria solicitante de R$ 69 milhões em emendas de relator-geral do orçamento para municípios do Maranhão em 2022. Como não tem mandato, ele é um “usuário externo”, funcionando com um “laranja”, o que deixa em segredo o nome do parlamentar envolvido.

Um exemplo da situação investigada pela PF ocorreu no município de Igarapé Grande, no qual foram desviados pelo menos R$ 7 milhões de reais. Seja em fraudes no SUS ou contratos irregulares da Secretaria Municipal de Saúde, com dinheiro proveniente do orçamento secreto. A secretária de saúde da cidade, Raquel Inácia Evangelista, foi afastada do cargo e é alvo de busca e apreensão.

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou que a Justiça Federal no Maranhão bloqueasse R$ 78 milhões das contas dos Fundos de Saúde de 20 municípios maranhenses, incluindo Igarapé Grande. Além de solicitar a instauração de outros 28 inquéritos policiais.