Países pedem mudança de sede da COP-30 após problemas com preços abusivos de hotéis

01 agosto 2025 às 09h46

COMPARTILHAR
A COP-30, marcada para novembro em Belém, capital do Pará, corre o risco de sofrer uma mudança de sede. Um grupo de 25 países, entre eles Canadá, Suécia, Holanda, Áustria e Finlândia, assinou uma carta oficial pedindo que a conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) seja transferida total ou parcialmente para outra cidade. O motivo principal é a explosão nos preços da hospedagem, com diárias que chegam a custar até 15 vezes mais do que o valor normalmente cobrado na capital paraense.
O documento, revelado pela Folha de S. Paulo, denuncia que as tarifas atuais são incompatíveis com a participação de delegações de países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, além de apresentar preocupações com segurança e transporte urbano. “Significa ser possível viajar para Belém, ficar em acomodações adequadas e acessíveis, e ir ao pavilhão e voltar de forma segura e eficiente em termos de tempo, inclusive tarde da noite”, diz um trecho da carta, enviada à organização brasileira e à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), braço climático da ONU.
Realizar a COP na Amazônia sempre foi um objetivo simbólico do governo brasileiro, especialmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). A proposta era colocar a floresta amazônica no centro do debate climático mundial. No entanto, os gargalos de infraestrutura e os preços abusivos ameaçam comprometer o plano. A ONU convocou uma reunião de emergência no dia 29 de julho e deu prazo até 11 de agosto para que o Brasil apresente soluções concretas.
Em resposta, o governo tenta implementar medidas emergenciais, como investigações sobre abusos no setor hoteleiro e parcerias com Airbnb, escolas, moradias populares e até navios de cruzeiro. Também lançou uma plataforma oficial de hospedagem com pacotes subsidiados, oferecendo até 2,5 mil quartos com preços entre US$ 200 e US$ 600, dependendo do perfil da delegação. Para países menos desenvolvidos, estão previstos 15 quartos a US$ 200 cada. Em reais brasileiros, as diárias chegam a custar mais de R$ 10 mil, o equivalente a até 15 vezes mais do que o normal.
Mesmo assim, os países signatários consideram as medidas insuficientes. Eles exigem diárias de até US$ 164, preferencialmente em áreas próximas ao Parque da Cidade, onde ocorrerá o evento, e criticam sugestões como dividir quartos entre membros da delegação.
Leia também:
Presidência da COP30 propõe agenda de ação global para conferência