Crimes de discriminação e de ódio no ambiente virtual tiveram alta de 67% em 2022 em comparação ao ano anterior. Os dados foram divulgados pelo Estadão após recente levantamento realizado pela SaferNet, entidade responsável pelo monitoramento de crimes cibernéticos.

Segundo dados da plataforma, discursos contendo misoginia, LGBTfobia e racismo tiveram crescimento expressivo em todos os três últimos anos. Na média, as denúncias por intolerância na internet, incluindo, além dos crimes já citados, intolerância religiosa e neonazismo, cresceram 195% em 2018, em relação ao ano anterior, e 104% em 2020, fechando com a alta de 67% no ano passado. Crimes de xenofobia se destacaram, exibindo um aumento em 2022 de 874% em comparação com 2021.

De acordo com Thiago Tavares, presidente do braço brasileiro da SaferNet, tal crescimento é um reflexo da acentuada polarização política. A campanha do ano passado, além de discutir temas e propostas políticas, girou em torno de temas como religião, regionalismos e assuntos ligados a gênero e sexualidade, principais tópicos que hoje dividem a sociedade brasileira. “Esta é uma tendência que tem se mostrado consistente, o que prova que a internet é reflexo da sociedade. (A alta) é um reflexo da polarização. A internet é uma caixa de ressonância”, disse.

As publicações são compartilhadas em diversas redes sociais como Whatsapp, Telegram, Facebook e Instagram. Os grupos extremistas misturam opinião política com xenofobia e símbolos nazistas. Muitas postagens são “disfarçadas” e propagadas em forma de “memes”, mas sabe-se que a intenção final é a mesma: a disseminação dos discursos de ódio.