A Justiça do Trabalho determinou que a Volkswagen pague R$ 165 milhões em indenização, segundo a agência de notícias Reuters. A razão é por conta da exploração de trabalhadores em condições análogas à escravidão na Fazenda Vale do Rio Cristalino, em Santana do Araguaia, no Pará, entre 1974 e 1986. O local, conhecido como Fazenda Volkswagen, era voltado à produção agropecuária.

Segundo o juiz Otavio Bruno da Silva Ferreira, da Vara do Trabalho de Redenção, a montadora não apenas financiou o empreendimento, mas também participou da gestão estratégica da fazenda, beneficiando-se da exploração dos empregados. Relatórios, documentos oficiais e depoimentos apontam servidão por dívida, vigilância armada, violência e condições degradantes de trabalho.

O valor da indenização será destinado ao Funtrad/PA, fundo estadual voltado à promoção do trabalho digno e à erradicação do trabalho escravo. Além disso, a Volkswagen precisará reconhecer publicamente sua responsabilidade, pedir desculpas às vítimas e à sociedade, adotar uma Política de Direitos Humanos e Trabalho Decente, inserir cláusulas anti-escravidão em contratos com fornecedores e se submeter a auditorias independentes.

A ação civil pública, movida pelo Ministério Público do Trabalho em dezembro de 2024, teve origem em denúncias feitas em 2019 pelo padre Ricardo Rezende Figueira, da Comissão Pastoral da Terra. Segundo relatos no documento, centenas de trabalhadores viviam em alojamentos precários, recebiam alimentação insuficiente, não tinham assistência médica e eram vigiados por armas. Muitos adoeceram de malária sem receber qualquer atendimento adequado.

A fazenda recebeu financiamento da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) durante a ditadura militar. Em 2020, a Volkswagen já havia firmado um acordo com o Ministério Público reconhecendo seu apoio ao regime e a violações de direitos humanos.

Leia mais: Justiça da Itália mantém prisão de Carla Zambelli por risco de fuga