IBGE inicia Censo inédito em Territórios Quilombolas

O Censo Demográfico é a maior e mais abrangente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Ele tem como principal objetivo contar a população e conhecer como estão vivendo as pessoas que moram no Brasil, e pela primeira vez na história dos recenseamentos gerais do Brasil, a população quilombola residente em áreas quilombolas terá a possibilidade de se declarar através da pergunta “você se considera quilombola?”

As áreas quilombolas foram definidas com base em reuniões e oficinas nacionais, regionais e através de contatos locais. As informações levantadas compõem a Cartografia Censitária Colaborativa que será a base para a coleta da população quilombola. A representação das áreas quilombolas se divide em três tipos: território quilombola oficialmente delimitado, recorte legal fornecido pelo Incra e institutos de terra estaduais compatibilizados aos setores censitários; agrupamento quilombola, aglomeração de 15 ou mais indivíduos quilombolas morando em domicílios espacialmente próximos, podendo ocorrer em área rural ou urbana; e área de interesse operacional quilombola, área definida pelo IBGE, construída a partir de dados próprios e de registros administrativos de órgãos oficiais e instituições parceiras, caracterizada pela dispersão dos domicílios ocupados ou onde não foi possível confirmar a presença de população quilombola.

Estima-se que quase 6 mil localidades quilombolas estejam espalhadas por 1.672
municípios brasileiros

Em 2019, durante a fase de preparação e planejamento do Censo Demográfico, foram identificadas 5.972 localidades quilombolas distribuídas por 1.672 municípios brasileiros. Das quase 6 mil localidades identificadas, 404 são territórios quilombolas oficialmente delimitados, 2.308 são agrupamentos quilombolas e 3.260 são outras localidades fora de territórios oficialmente delimitados. Dentre os 2,3 mil agrupamentos quilombolas mapeados, 709 se localizam em territórios quilombolas oficialmente delimitados e 1.599 ficam fora dos territórios delimitados. Baseado nessa estimativa, observa-se que 81,4% das localidades quilombolas identificadas estão localizadas fora de territórios quilombolas oficialmente delimitados (4.859 localidades).

Em Goiás, são estimadas 117 localidades quilombolas distribuídas em 54 municípios. Dessas localidades identificadas, apenas oito são territórios quilombolas oficialmente delimitados, 27 são agrupamentos quilombolas e 82 são outras localidades fora de territórios oficialmente e limitados. Dentre os 27 agrupamentos quilombolas mapeados, seis se localizam em territórios quilombolas oficialmente delimitados e 21 ficam fora dos territórios delimitados. Assim, observa-se que, no estado goiano, 88,0% das localidades quilombolas identificadas estão localizadas fora de territórios quilombolas oficialmente delimitados (103 localidades), proporção superior à nacional.

A maior parte dos domicílios quilombolas responderão ao questionário ampliado Será aplicado o questionário ampliado na maioria dos domicílios quilombolas, que fornecerão respostas para questões como: qual o total de pessoas quilombolas residindo no Brasil? Como vivem os quilombolas dentro e fora dos territórios oficialmente delimitados? Quantas comunidades quilombolas existem e onde estão no país? Quais as condições de suas habitações? Como está o acesso à edução e à saúde? Ele é dividido nos blocos domicílio e moradores.

Coleta censitária em áreas quilombolas conta com metodologia especial

Além de todos os procedimentos de abordagem junto aos representantes comunitários, que englobam desde reuniões específicas de apresentação da equipe escalada para realizar o trabalho na comunidade até a aplicação de um questionário de abordagem junto à liderança, o IBGE desenvolveu uma metodologia de trabalho exclusiva para a coleta nas áreas quilombolas. Ela é composta por treinamento específico para os servidores que atuarão nessas regiões, pelo reforço para o uso dos equipamentos de proteção individual no contexto da pandemia por Covid-19 e pela utilização de guias comunitários, que oferecerão uma condução com segurança do recenseador por todos os domicílios a serem visitados, indicando, também, as melhores rotas de percurso, os melhores horários para as visitas e os códigos de conduta a serem adotados.