Hacker da “Vaza-Jato” trabalhou com a Defesa no relatório sobre as eleições
18 novembro 2022 às 12h03
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O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido pela participação na “Vaza-Jato”, se juntou ao Ministério da Defesa para procurar falhas nas urnas eletrônicas. Segundo a revista Veja, ele se reuniu com os militares para falar a respeito da votação e procurar supostas falhas no sistema. O hacker também teria sido bancado e orientado pela deputada federal Carla Zambelli (PL), aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a revista, Delgatti teria se revoltado com a esquerda depois de considerar que não foi reconhecido o suficiente pelo que fez na “Vaza-Jato”. Além de dizer que foi abandonado pelo Partido do Trabalhadores (PT), o que teria motivado a mudança de lado para apoiar as ideias do atual governante.
O primeiro encontro do hacker com a ala bolsonarista teria ocorrido dentro do Palácio da Alvorada em 10 de agosto, com presença do presidente. A partir daí, Delgatti passou a atuar em Brasília, onde abriu uma empresa formal doze dias após a reunião com Bolsonaro. Logo após o primeiro contato, ele já foi encaminhado ao Ministério da Defesa para tratar das urnas com militares.
Além do presidente, outros nomes que participaram da movimentação, segundo a reportagem, incluem coronel Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro na Presidência, o ministro Paulo Sérgio Nogueira e um grupo com o coronel Eduardo Gomes da Silva, oficial do Exército sem cargo na Defesa.
Ao longo do processo, Delgatti investiu no discurso já conhecido de que os códigos da urna poderiam conter trechos “maliciosos”, apesar de não ter experiência em análises de sistemas como o eleitoral. Em uma das etapas, em setembro, ele tentou invadir a rede interna do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, após encontrar supostas brechas permitiriam o acesso à rede, apenas de forma superficial
Apesar da prática de contratar hackers para aprimoramento de segurança e sistemas ser considerada normal, a participação dele era desconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como agravante, Delgatti ainda está proibido pela Justiça de acessar a internet e deixar a cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, por ser réu em processo em andamento.