O mundo não gira, ele capota, principalmente para Jair Bolsonaro. Se hoje, o presidente da República tenta desacreditar o atual sistema eleitoral com mentiras, antigamente ele defendia a utilização de urnas eletrônicas ao invés de cédulas de papel. “Esse Congresso está mais do que podre. Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos, e só serão computados três mil”, disse o governante em 1993, na época como deputado federal.

A fala do presidente foi feita durante uma reunião entre militares na sede do Clube Militar do Rio de Janeiro. Conforme apontou reportagem da BBC, o Jornal do Brasil da época mostrou que o evento ficou sob sigilo em grande parte, enquanto os envolvidos discutiam como retornar ao poder nas eleições de 1994. Bolsonaro, filiado ao Partido Progressista Reformador (PPR), defendia que a urna eletrônica era a solução contra fraudes no voto impresso. A tecnologia de voto foi testada pela primeira vez no país em 1994, e usada oficialmente a partir de 1996.

Atualmente, quase 30 anos depois, a opinião do chefe de estado sobre a forma de registro de votos é completamente oposta. “Lamentavelmente, o sistema derrotou o voto impresso. Se tivéssemos confiança no voto eletrônico, já teríamos o nome do futuro presidente da República decidido no dia de hoje”, disse Bolsonaro.

Independente das acusações, Jair Bolsonaro nunca apresentou evidências comprovadas de que as urnas eletrônicas não sejam confiáveis ou seguras.