De 2012 a 2022, a Amazônia somou 765 ataques contra defensoras que combatem a exploração ilegal dos recursos naturais da floresta, a invasão de terras e expropriações. Nesse período, 36 mulheres que atuavam na defesa da floresta foram assassinadas por grileiros e fazendeiros que disputam as terras da região.

Os números foram compilados pelo Instituto Igarapé, a partir de dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do projeto Tierras de Resistentes, e revelados pelo Jornal O Globo. Eles incluem intimidação, tentativa de assassinato, prisão, entre outras violações. Os agressores são, em sua maioria, grileiros e fazendeiros, com ataques concentrados no Pará, Maranhão e em Rondônia, especialmente nos municípios de Altamira(PA), Formosa da Serra Negra (MA) e Porto Velho.

Mais de 1 em cada 5 assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente registrados no mundo em 2022 aconteceram na Amazônia. No total, 177 pessoas morreram em todo o planeta, sendo 39 (22%) na maior floresta tropical, segundo um levantamento da ONG (organização não governamental) Global Witness.

Na vastidão da Amazônia, um dos lugares mais perigosos do mundo para ativistas, a violência, tortura e ameaças persistem como uma sombra constante nas comunidades de toda a região. Essa extensa floresta tropical, cobrindo quase 6,9 milhões de quilômetros quadrados, estende-se por oito nações da América do Sul e abriga a maior biodiversidade do planeta.

Ativista e líder ambiental, Dilma Ferreira foi assassinada dentro de casa em 22 de março de 2019. Coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), teve a morte encomendada por ameaçar denunciar a extração ilegal de madeira em uma fazenda ao lado de seu assentamento. A pescadora Nilce de Souza Magalhães, conhecida como Nicinha, também fazia parte do MAB e foi encontrada morta no lago da barragem da Usina Hidrelétrica Jirau, em Porto Velho. Os pés e mãos estavam amarrados e ligados a uma pedra.

Ao atuarem contra a pressão agropecuária, desmatamento e garimpo ilegal, os defensores da floresta são intimidados e atacados por criminosos. Um dos casos de maior repercussão dessa violência foi do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos em 5 de junho de 2022. Eles foram vítimas de uma emboscada enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas.

Brasil: O 2º País Mais Letal para Ativistas Ambientais

O Brasil ganha destaque sombrio como o segundo país mais letal para ativistas ambientais, juntamente com a Colômbia e o México, contribuindo com mais de 70% dos casos registrados globalmente, o que equivale a um alarmante total de 125 mortes. No solo brasileiro, foram registrados 34 assassinatos no ano passado, um aumento em relação aos 26 casos de 2021. Desde o início da série histórica em 2012, um total de 376 defensores ambientais perdeu a vida no país.

A liderança trágica desse ranking global pertence à Colômbia, com 60 assassinatos, quase o dobro do número de mortes ocorridas no país em 2021. Para a organização Global Witness, a situação no Brasil é profundamente preocupante e foi agravada pela política do governo anterior. Os defensores da terra no Brasil enfrentaram a hostilidade implacável das políticas do governo de Jair Bolsonaro (PL), que abriram as portas da Amazônia para exploração e degradação ambiental, enfraqueceram órgãos de proteção ambiental e incentivaram invasões ilegais de terras indígenas. Bianchini, representante da Global Witness, destaca o agravamento da situação causado pelas ações do governo anterior.