Walter Delgatti deu à CPI do 8 de Janeiro na Câmara dos Deputados um depoimento bombástico. Na manhã desta quinta-feira, 17, o hacker afirmou que participou de reunião com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. As autoridades teriam solicitado que Delgatti fraudasse o sistema eleitoral em troca de indultos a seus crimes, salário e emprego no Ministério da Defesa.

Na comissão parlamentar de inquérito, o hacker afirmou que aceitou o pedido de Jair Bolsonaro. Ele teria feito então um sistema fraudado para ser instalado nas urnas eletrônicas, em que pudesse mostrar, em uma apresentação organizada pelo presidente, que os votos a um candidato estavam sendo computados para outro candidato. 

Mais ainda: Walter Delgatti precisou entrar no Ministério da Defesa, que detém o código fonte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele teria redigido o documento utilizado pelas forças armadas para questionar o sistema eleitoral. Ou seja, o TSE imaginava estar dialogando com o Ministério da Defesa, mas conversava com o possível fraudador.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) sustentou Delgatti com pequenos pagamentos que totalizam R$ 40 mil. Foi dela a ideia de invadir os sistemas de justiça do país, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e tribunais para expedir um pedido de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, em janeiro deste ano. 

Por último, Walter Delgatti afirma que foi contatado pelo então presidente Jair Bolsonaro para assumir a autoria de um grampo contra Alexandre de Moraes, que seria na realidade feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O argumento para convencê-lo a assumir a autoria do crime é de que “a esquerda não questionaria a autoridade do responsável pela Vaza Jato, que libertou o presidente Lula (PT)”.