Covid não foi democrática, revela infectologista premiada pelo Mulheres na Ciência
12 abril 2023 às 16h21
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Agraciada com o prêmio Mulheres na Ciência Amélia Império Hamburger, a médica infectologista Deborah Carvalho Malta diz em entrevista ao Jornal Opção que é fundamental o investimento na pesquisa e ciência sobre saúde pública no País. Seu estudo apontou as desigualdades de mortes pela Covid-19 e revelou que a doença matou mais podres, idosos em vulnerabilidade e pessoas negras. Ao lado dela, Eliete Bouskela, graduada em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Luciane Bisognin Ceretta, formam o grupo que vai receber o prêmio em 2023.
“É uma honra poder de alguma forma fazer parte da liderança feminina na pesquisa e dar destaque para a ciência e para as mulheres nessa área”, comemora. Na carreira acadêmica, Malta voltou-se para os programas nacionais do Ministério da Saúde, como o Plano Nacional de Saúde e o Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE). Ela explica que apenas no PNSE foram mais de 160 mil entrevistas com alunos da rede pública.
Outro destaque na carreira da infectologista foi com o programa de Vigilância em Violências e Acidentes, o Viva. “Foi um dos trabalhos voltados para a questão da política para organizar um sistema para captar os registros de violência contra mulheres, crianças e idosos”, explica.
Acima da média
Durante a tabulação dos dados coletados através do sistema do SUS, a cientista passou a observar os números ocultos pelas médias. Ela aponta uma série de desigualdades sociais que resultam em piores condições de vida e de saúde para as populações mais vulneráveis. “A Covid não é democrática, ela matou os mais pobres, matou mais negros e idosos em áreas mais vulneráveis”, revela.
“Eu acredito muito no SUS e no princípio da universalidade, da equidade, que a biologia ajuda na identificação e que vai mapear quem está mais vulnerável e depende de mais apoio”, avalia.
Ela argumenta ainda que é preciso “um olhar para que se possa destinar mais verbas e mais apoios para as Universidades Públicas, na Ciência e na Saúde”. É fundamental esse investimento. Esse prêmio tem esse sentido: investir na ciência brasileira e na busca de melhores resultados”, completa.
Conheça as cientistas
Deborah Carvalho Malta – formada em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais, doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas e pós-doutorado pela Universidade Nova de Lisboa – Instituto de Higiene e Medicina Tropical em avaliação em saúde. É professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais.
Eliete Bouskela – graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem mestrado em Biofísica e doutorado em Fisiologia pela mesma instituição. É professora titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Luciane Bisognin Ceretta – formada em Enfermagem e Administração de Empresas, a pesquisadora é mestre em Saúde Pública e doutora em Ciências da Saúde pela Universidade do Extremo Sul Catarinense, de onde é reitora atualmente.
Elas receberão o prêmio em uma cerimônia em 5 de julho, às 16 horas, no Salão Nobre.
Conheço o prêmio
A solenidade de entrega da premiação está marcada para o dia 5 de julho de 2023. O Prêmio Mulheres na Ciência Amélia Império Hamburger é concedido pela Câmara dos Deputados a 3 (três) cientistas que se destacaram por suas contribuições para a pesquisa científica nas áreas de ciências exatas, ciências naturais e ciências humanas.
A premiação é o reconhecimento da excelência da participação feminina na solução dos grandes desafios da humanidade e um estímulo à capacitação de mais mulheres cientistas.
O nome dado ao prêmio é uma homenagem a Amélia Império Hamburger, célebre cientista brasileira que se destacou por suas importantes contribuições para a ciência no Brasil.
Deputada Goiana no Conselho Deliberativo
As agraciadas foram escolhidas pelo conselho deliberativo formado pela 2ª secretária da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS); pela presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Lêda Borges (PSDB-GO); pela presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, deputada Luisa Canziani (PSD-PR); e por um representante de cada partido político com assento na Casa, indicado pelo respectivo líder.