Localizada na praça Afonso Pena, no Centro de São José dos Campos, a capela de São Benedito está desde 1997 sob responsabilidade do município, onde não é mais celebradas missas. No entanto, sobre a igreja havia histórias misteriosas e difícil de acreditar. Uma delas é que as paredes do templo ‘guardavam’ sepultado em pé o seu benfeitor: o capitão Miguel de Araújo Ferraz.

Quando a restauradora Sônia Vidal di Maio se deparou com uma ossada, que apareceu em uma das rachaduras, não teve dúvida: “é o capitão”. “Não acredito! Não acredito no que estou vendo”, disse, surpresa, para a colega, Nadia Kojio.

O caso de que na capela havia um corpo sepultado foi passado de geração para geração entre os moradores da cidade. Mas, poucos acreditavam nela, inclusive os restauradores, uma vez que se decorreram muitos séculos.

Além dos comentários da população, um livro histórico de 1934, chamado “Albúm de São José” reletou que um corpo foi encontrado quando houve a demolição da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em 1879. “No fundo do corredor, ao lado da nave, estava a sepultura do sr. cap. Miguel de Araújo Ferraz […]. Com a demolição da igreja, tratou-se da remoção dos despojos, para o que foi aberto o túmulo, encontrando-se o corpo mumificado e tendo os cabelos em perfeito estado.”

Naquela época, quando o corpo foi encontrado pela primeira vez, o episódio assombrou a população, que atribuiu ao capitão status de santidade. Por isso, ele foi transferido para a Igreja de São Benedito. A capela tinha sido recém-construída. No novo local, segundo relatos antigos, por causa da umidade e da taipa, era possível ver contornos da silhueta na parede. Para evitar isso, a família do capitão mandou cimentar e pintar tudo, escondendo por séculos o segredo. “Depois de tantos restauros sem encontrar nada, passamos até a duvidar da história”, afirmou Sônia. “Ele não queria ser encontrado”, brincou ela, com a descoberta.