Com divergências entre os próprios membros, Congresso Nacional recebe Fórum do Brics nesta semana

02 junho 2025 às 14h26

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Entre os dias 3 e 5 de junho, o Congresso Nacional, em Brasília, será palco do décimo primeiro Fórum Parlamentar do Brics. O evento reunirá parlamentares de vinte países, incluindo os onze integrantes do bloco e nações parceiras, para discutir temas estratégicos como saúde global, mudanças climáticas, inteligência artificial e reforma da governança internacional.
A realização do fórum coincide com o início da presidência brasileira no grupo, que também sediará, em julho, a cúpula de chefes de Estado no Rio de Janeiro. O encontro visa fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global e ampliar a influência do bloco em organismos multilaterais.
Participarão os países membros Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, além de nove países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
A programação será iniciada no dia três de junho com dois encontros simultâneos. A Reunião de Mulheres Parlamentares do Brics abordará o papel feminino diante da inteligência artificial, das mudanças climáticas e do financiamento para inclusão social. Paralelamente, os presidentes das comissões de Relações Exteriores dos parlamentos discutirão comércio, investimentos e instrumentos financeiros para o desenvolvimento sustentável.
Nos dias quatro e cinco, as discussões terão continuidade no plenário do Senado Federal, por meio de seis sessões temáticas. A primeira será dedicada à saúde global, com destaque para a ampliação do acesso a medicamentos, tecnologias e políticas de prevenção. Em seguida, os parlamentares debaterão caminhos para o crescimento econômico equilibrado e inclusivo.
No segundo dia, os temas centrais serão meio ambiente e inteligência artificial. A pauta climática incluirá propostas legislativas para estimular a economia de baixo carbono, financiamento verde e soluções baseadas na natureza. O painel sobre inteligência artificial focará na criação de marcos éticos, proteção de dados e soberania digital.
O evento será concluído com dois debates sobre governança internacional. O primeiro tratará da reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança. O segundo abordará a consolidação de mecanismos permanentes de cooperação parlamentar entre os países do Brics, com o objetivo de fortalecer a presença dos parlamentos na diplomacia internacional e ampliar o papel do bloco nas decisões estratégicas globais.
Ao término do fórum, os participantes devem aprovar um documento conjunto com diretrizes elaboradas ao longo das sessões, que será encaminhado à cúpula de líderes prevista para julho.
Divergências internas
A presidência do Brics em 2025 oferece ao Brasil uma oportunidade rara de reposicionar-se geopoliticamente como uma liderança. O país busca um papel ativo na defesa da multipolaridade e da reforma de instituições internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), temas caros aos demais membros do bloco.
Contudo, a coesão interna do Brics tem sido um desafio. As diferenças políticas, econômicas e estratégicas entre os membros são significativas. A guerra na Ucrânia, por exemplo, isola a Rússia no Ocidente, mas encontra no Brics um espaço de apoio indireto. Já a China utiliza o bloco para ampliar sua influência, enquanto Índia e Arábia Saudita demonstram cautela diante de agendas que possam colidir com interesses bilaterais com os Estados Unidos e a Europa.
Nesse cenário, o Brasil tenta manter a posição de mediador e articulador. A diplomacia brasileira aposta em uma agenda multilateral, baseada no diálogo, na cooperação técnica e no desenvolvimento sustentável, temas que unem interesses comuns, apesar das divergências ideológicas entre os membros.
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