O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma movimentação “incompatível” de recursos nas contas da empresa “Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção”, que está sendo investigada por supostamente financiar despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A empresa fica na região Noroeste de Goiânia e já foi visitada pelo Jornal Opção em maio deste ano. O período analisado compreende o início de janeiro de 2020 até o final de abril deste ano. As informações são do Jornal Estadão.

Segundo o relatório do Coaf, a empresa Cedro Líbano recebeu um total de R$ 16,6 milhões e desembolsou o mesmo valor de R$ 16,6 milhões nesse período, totalizando uma movimentação de R$ 32,2 milhões. Essa quantia foi considerada incompatível com o porte, o patrimônio, a atividade e a capacidade financeira da empresa. O relatório também destaca a possibilidade de a empresa estar utilizando a conta para transacionar recursos provenientes de atividades não declaradas. O Jornal Opção tentou contato com a empresa. O funcionário se recusou a passar o telefone do dono da mesma e disse “desde o ano passado tem isso, escrevam o que quiserem”. O espaço, contudo, está aberto para manifestação.

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Os dados sobre a movimentação financeira “atípica” da empresa foram enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) em 8 de janeiro. Além disso, a Cedro do Líbano está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) em um inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

A empresa teria realizado duas transferências bancárias de R$ 8.330,00 cada para o sargento Luís Marcos Dos Reis, um dos militares da equipe do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O sargento está preso preventivamente no caso das supostas fraudes no cartão de vacinação do ex-mandatário.

Adicionalmente, a Cedro do Líbano firmou contratos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) durante o governo do ex-presidente. Esses contratos colocaram a empresa na mira da PF e da CPMI. O montante de R$ 299 mil foi recebido do governo federal entre 2020 e 2022, sendo R$ 188.000 desse total pagos pela Codevasf. A Companhia, no entanto, esclareceu que esse valor se refere à compra de “quatro plantadeiras e adubadeiras mecanizadas” para um projeto no Amapá.