O Censo Demográfico 2022 mostra que entre os municípios goianos, Cavalcante destaca-se como o maior em número de pessoas quilombolas, representando 57,08% de sua população total. Esse percentual o coloca como o terceiro maior do país, ficando atrás somente de Alcântara, no Maranhão, com 84,57%, e Berilo, em Minas Gerais, com 58,37%.

Censo 2022: Brasil tem 1,32 milhão de quilombolas. Foto: EBC

Em todo o estado de Goiás, a população quilombola residente é de 30.387 pessoas, correspondendo a 0,43% da população total do estado. Esse número posiciona Goiás como o oitavo estado brasileiro com o maior número de quilombolas. No entanto, o percentual de pessoas quilombolas em relação à população total do estado é o 12º maior do país, ficando abaixo da média nacional, que é de 0,65%.

Kalunga

Também pelo Censo, o território Kalunga é o sexto com maior número de pessoas quilombolas do país, com 3.528 pessoas. A comunidade teve origem no século XVIII por negros escravizados e levados para trabalhar nas minas de ouro.

O território Kalunga é o maior sítio histórico e cultural do País em extensão. São mais de 230 mil hectares de Cerrado protegido, abrigando cerca de quatro mil pessoas em um território que se estende pelos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás.  A mais populosa  está em Cavalcante, distribuídas nas localidades do Engenho II, Prata, Vão do Moleque e Vão das Almas.  

Essa área é reconhecida pelo Governo de Goiás, desde 1991, como sítio histórico que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga (Lei Estadual Nº 11.409/1991). E em fevereiro de 2021, o local foi reconhecido pela ONU como o primeiro Território e Área Conservada por Comunidades Indígenas e Locais (Ticca) do Brasil.

Na língua banto, a palavra kalunga significa lugar sagrado, de proteção. Nome mais que propício para uma terra que abrigou, protegeu e possibilitou a preservação da cultura de um povo, que deu uma contribuição imensurável ao nosso País, inclusive, com as milhares de vidas perdidas durante a escravidão. 

Identificação

Segundo Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, a distribuição geográfica dos quilombos tem vínculo com todo o processo de colonização e escravização, mas também com a resistência a essa situação histórica que levou a várias ocupações territoriais com concentração perto e ao longo dos rios. “A população quilombola se identifica não só pelo processo de escravização, mas principalmente pela resistência à opressão histórica como está no Decreto 4887”, disse à Agência Brasil.