Na véspera da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um grupo de 18 brasileiros entregou ao Papa Francisco um documento pedindo um olhar mais atento da Igreja Católica aos casos de racismo e violência policial no Brasil. A 16ª edição do evento, que começou nesta terça-feira, 1, vai até o próximo domingo, 6. Evento deve reunir cerca de 1,2 milhão de fiéis em Lisboa, capital de Portugal.

Na carta aberta, os jovens brasileiros enfatizam que quase 90% dos negros brasileiros vivem na pobreza, sendo discriminados no mercado de trabalho e na execução de políticas públicas. Segundo o documento, o racismo estrutural resulta na falta de acesso adequado à saúde e no descaso do governo em relação às comunidades quilombolas, favelas e outras áreas periféricas. Esses são os locais onde residem quase 90% da população afro-brasileira.

O grupo desembarcou nesta segunda-feira, 31, em Lisboa. O papa, no entanto, deve chegar ao evento na próxima quarta-feira, 2. Para eles, não é mais aceitável que pessoas negras recebam 57,7% dos salários arrecadados por pessoas brancas, isso quando exercem as mesmas funções e ocupam os mesmos cargos.

Além do racismo, os jovens brasileiros também denunciaram o aumento da intolerância religiosa no Brasil. “Solicitamos que a Igreja Católica se posicione firmemente contra as invasões e destruições dos terreiros de religiões de matrizes africanas, que representam uma forma brutal de racismo religioso. Pedimos seu apoio para promover a paz, a harmonia e o respeito entre as diferentes expressões religiosas”, explicaram no documento.

Abusos sexuais

A realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa ocorre alguns meses após a divulgação, em fevereiro, de um relatório realizado por uma comissão de especialistas independentes, que apontou que quase cinco mil menores foram vítimas de violências sexuais dentro da Igreja Católica em Portugal desde 1950.