Aviões turboélices são essenciais para a aviação brasileira, diz especialista
18 agosto 2024 às 15h02
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Os aviões turboélice, amplamente utilizados em voos regionais, estão sofrendo um estigma após a tragédia do voo 2238 da Voepass. Por conta do acidente que vitimou 62 pessoas, em Vinhedo, interior de São Paulo, passageiros estão reclamando desses aviões. Mesmo que sejam tão seguros quanto os modelos a jato.
Desde a queda do ATR-72 da Voepass, as pessoas estão dizendo que os turboélices são mais “perigosos” e menos “confortáveis” que os aviões a jato. Muitos até dizem que eles são “tecnologia ultrapassada” e que não deveriam voar mais. Entretanto, há um grande engano com esse preconceito.
Segundo o Georges Ferreira, advogado e professor de Direito Aeronáutico pela Pontífice Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), o fator do motor ter uma “hélice” não deixa o avião mais perigoso. “Essas aeronaves turboélices foram feitas para gastarem menos combustível, por isso elas voam mais devagar”, conta, em entrevista para o Jornal Opção. Dessa forma, elas acabam sendo mais econômicas e menos poluidoras.
Outra vantagem dos turboélices seria a performance em pistas curtas e não asfaltadas, de acordo com Ferreira. Ao contrário dos aviões a jato, eles conseguem operar em aeroportos pequenos e menos estruturados. Algo que é crucial não apenas para a aviação brasileira, mas para todo ramo de transportes do país.
“Sem aeronaves turboélices, a operação em aeroportos e guinais seria muito difícil. Diversos locais possuem pistas curtas de terra, cascalho ou grama. Esses aviões possuem uma performance melhor neste tipo de piso. Fora que o baixo custo de operação permite que os voos sejam rentáveis. Sem elas, a aviação local seria impraticável e até não existiria”, explica o professor da PUC.
Fora a segurança, outra questão sobre o ATR-72 que o professor esclarece é sobre o calor. Ferreira aponta que o avião pode ficar quente em solo porque depende do motor nº 1 estar ligado para o funcionamento do ar-condicionado. Entretanto, nem sempre isso é possível.
Além da Voepass, que opera 13 turboélices ATR-42 e 72, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras também possui 40 aviões ATR-72. Fora 25 monomotores como o Cesna Gran Caravan. Fora outras empresas de táxi aéreo que operam aviões turboélices.
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