Na semana passada, o exército político-eleitoral do prefeito de Catalão, Adib Elias (sem partido), espalhou a “notícia” de que o ex-prefeito Velomar Rios — secretário da Saúde, muito bem avaliado — teria jogado a tolha e desistido de disputar a prefeitura. Ele estaria sendo cogitado para vice de Nelson Fayad, de acordo com um adibista.

Nelson Fayad pode ter Velomar Rios na vice? | Foto: Prefeitura de Catalão

Velomar Rios jogou mesmo a toalha? O Jornal Opção ouviu um jornalista-radialista (Mamede Leão) e um pré-candidato a prefeito (Júlio Paschoal, do PT). Os dois disseram a mesma coisa: o ex-prefeito pode não ter jogado a tolha — “ainda” —, mas não tem coragem de romper com o grupo de Adib Elias. Uma terceira fonte, que integra a equipe do prefeito (por isso prefere o anonimato), afiançou: “Velomar é gente do bem, uma pessoa tranquila, mas, tímido e sem estrutura financeira e política — porque não tem grupo, ou melhor, pertence ao grupo de Adib —, jamais terá coragem de enfrentar o prefeito e bancar uma candidatura. Ele só será candidato se for apoiado por Adib”.

Elder Galdino, sem Velomar Rios no jogo, salta para o primeiro lugar | Foto: Divulgação

Consultado pelo Jornal Opção, o deputado federal José Nelto, do pP, disse que Velomar Rios “não jogou nem vai jogar a toalha. Será um equívoco retirar do páreo, por birra ou outro motivo, o pré-candidato que lidera todas as pesquisas de intenção de voto. Se Adib quer eleger o sucessor — e ele certamente quer —, o melhor nome é o de Velomar Rios. Com isso, não estou dizendo que Nelson Fayad não é um bom candidato — estou apenas sugerindo que Velomar é mais viável. É candidato para ganhar e, sobretudo, para ganhar bem, com mais de 50% dos votos válidos”.

Velomar Rios também conta com o apoio do decano da política de Catalão — o ex-prefeito e ex-deputado federal Haley Margon Vaz. Este aprecia a serenidade do ex-prefeito, que é visto como gestor eficiente e técnico.

Renato Ribeiro dos Santos: jogada de Adib para esvaziar Elder Galdino? | Foto: Reprodução

Duas pesquisas enviadas à redação mostra o seguinte quadro: 1 — Velomar Rios (Podemos); 2 — Elder Galdino (MDB); 3 — Nelson Fayad (quase no União Brasil); 4 — Gustavo Sebba (PSDB); 5 — Renato Ribeiro (PL) e 6 — Júlio Paschoal (PT).

Quando o nome de Velomar Rios é retirado do levantamento, Elder Galdino se torna o primeiro colocado, com Nelson Fayad saltando para o segundo lugar — e se aproximando perigosamente. Noutras palavras, o “poste” de Adib Elias, Nelson do Adib, é mais viável do que parece aos seus críticos. Pesquisas detalham que ele avança, aproximando-se dos líderes, quando os eleitores ficam sabendo que é o candidato bancado pelo prefeito.

Gustavo Sebba: aposta tucana em Catalão | Foto: Divulgação

Mas há um fator a considerar: se transfere votos — e, de fato, transfere —, Adib Elias também “transfere” desgaste. Apesar de bem avaliado como administrador, o prefeito tem desgaste e alguns contenciosos com a sociedade. Seu conflito com uma empresa de mineração chinesa não é bem-visto pela população. O prefeito se recusa a restaurar uma estrada para não beneficiar a Cmoc. De fato, a empresa arranca milhões do solo do município e deveria contribuir um pouco mais para melhorar a qualidade de vida dos moradores de Catalão. Mas há quem postule que, como recolhe impostos, a prefeitura também tem de beneficiá-la. Populares acrescentam que a estrada motivo da crise beneficia parte da população da cidade — e não apenas a empresa.

Os demais pré-candidatos

O Agro decidiu apoiar a candidatura de Renato Ribeiro. Mas há quem acredite que, por trás de sua postulação, estaria Adib Elias. A entrada do líder ruralista na disputa poderá esvaziar, ao menos em parte, a candidatura do produtor rural Elder Galdino.

Economista Júlio Paschoal | Foto: reprodução
Júlio Paschoal: principal nome da esquerda em Catalão | Foto: Reprodução

Nos bastidores, Adib Elias — que esteve mal de saúde, mas já está melhor — comenta que, quanto mais candidatos as oposições lançarem, será melhor para Nelson Fayad. Ele pode ser eleito com 30% dos votos, acredita o adibismo.

A esquerda vai lançar candidato a prefeito. Seu nome mais bem colocado é Júlio Paschoal. O economista tem feito as críticas mais consistentes à gestão de Adib Elias. No lugar de rebatê-las com dados técnicos, os adibistas preferem dizer que ele não mora na cidade e o chamam de “estrangeiro” e “turista.

Elder Galdino é a grande aposta do MDB do vice-governador Daniel Vilela. Adib Elias tentou arrancar de suas mãos o controle do MDB em Catalão, mas ainda não conseguiu. Pré-candidatos das oposições estranham o fato de que o emedebista não faça críticas à gestão do prefeito. Mas ele tem argumentado que, como Adib Elias não será o candidato, não será o seu alvo antes e durante a campanha eleitoral. Ele tem dito que, em suas pesquisas, aparece em primeiro lugar. Não subestima o gestor municipal, mas tem afiançado que as pesquisas sugerem que os eleitores de Catalão querem e exigem mudança.

Júlio Paschoal tem dito que Adib Elias não governa para os pobres, pois muitos bairros estariam “abandonados”. Em alguns deles escorre esgoto a céu aberto, denuncia o mestre em Economia e professor universitário. O petista afirma que há também problemas sérios com o abastecimento de água.

O PSDB vai bancar a candidatura do deputado estadual e médico Gustavo Sebba, filho do ex-prefeito Jardel Sebba. De acordo com um pré-candidato, o parlamentar não tem chance de ser eleito, mas coloca seu nome para fortalecê-lo — porque fica na memória dos eleitores — para campanhas futuras, como a de 2026, quando deverá disputar a reeleição. (E.F.B.)