O presidente Lula da Silva e a deputada federal e delegada de polícia Adriana Accorsi são políticos respeitáveis e realistas. São moderados, conciliadores e têm um olhar aguçado para a sociedade real.

Portanto, perspicazes, não devem cair no papo de gente bem-intencionada, intelectualmente brilhante, mas que não parece viver no Brasil dos demais brasileiros. Parece viver num país imaginário — a Irrealistolândia —, quase uma utopia.

Se depender de alguns intelectuais, gente refinada e do bem — os direitos humanos devem mesmo ser defendidos —, o PT, ao aderir ao discurso de que o “problema” do país é a violência policial — e não a violência dos criminosos —, pode encomendar não o tailleur  e o terno da posse em 2024 e 2026. Pode encomendar, digamos assim, a mortalha.

Na mídia, notadamente na GloboNews, o discurso dominante é sobre a “violência policial”. Nas ruas, fora dos lugares refinados e protegidos, a discussão é outra. O povão — os trabalhadores — e a classe média (também composta de trabalhadores e pequenos empresários) aprovam o combate duro das polícias aos bandidos.

Não se está dizendo que as polícias, principalmente a Militar, não cometem excessos. Porque cometem. Por isso, se erram com os cidadãos de bem, devem ser criticadas e, até, denunciadas.

Porém, no confronto com criminosos, quando está defendendo a sociedade — os cidadãos de bem —, os policiais são apoiados pelas pessoas ditas comuns. As que precisam da proteção das polícias.

A violência dos criminosos contra os cidadãos de bem vai continuar fora da pauta de alguns jornais, inclusive goianos? É o mais provável. Há jornalistas que jogam para uma plateia específica — a turma do politicamente correto. Escrevem artigos e, depois, vão para os botecos de luxo para comemorar, tomando um vinho importado (alguns com valores bem acima de um salário-mínimo) e comendo refeições bem-elaboradas e caras. Contribuem para tentar desmoralizar a polícia — exatamente aquela que protege todos — e acabam servindo, ainda que indiretamente, ao crime, aos criminosos.

A violência dos criminosos contra aos cidadãos de bem não entra mais na pauta dos jornais? A pauta não está invertida? Por que, para alguns jornalistas, os criminosos são “melhores” do que os policiais?

Adriana Accorsi, Rubens Otoni e Lula da Silva, ases do realismo político, vão cair na esparrela dos que atacam a polícia e, mesmo quando não é o objetivo, se tornam instrumentos de defesa — indireta, insista-se — dos criminosos? Parece evidente que não. Os três estão de ouvidos abertos àquilo que o povão diz. Ao sofrimento do povão.

Uma dica para Adriana Accorsi: escolha uma assessora — ou assessor — que tenha uma boa escuta e a coloque para andar durante uma semana em veículos que usam o aplicativo da Uber, In Drive ou 99. Basta formular uma pergunta: “Como avalia a segurança pública em Goiânia?” Os motoristas dirão, com palavras parecidas, que nunca foi tão seguro trabalhar, inclusive à noite, na capital. Todos falarão que aprovam a política de segurança pública do governador Ronaldo Caiado — que é dura e firme, mas usa sobretudo o sistema de inteligência para impedir ou reduzir a criminalidade. Dirão também que não se tem como combater o crime com luvas de pelica.

Pré-candidata a prefeita de Goiânia — um dos nomes mais qualificados para a disputa —, a escolha de Adriana Accorsi será simples: vai ficar com o povão — aquele que não mora em condomínios com muros altos, cercas eletrificadas e segurança privada — ou com os experts que passam o tempo discutindo violência policial, como se fosse uma diversão ideológica?

Ressalte-se que os debatedores a respeito da violência policial já votam em Adriana Accorsi e em Lula da Silva. A maioria deles, é claro. Então, os petistas não irão “atrás” daqueles que sofrem com a violência dos criminosos? (E.F.B.)