Vanderlan Cardoso pode disputar Prefeitura de Goiânia em 2020 e o governo de Goiás em 2026
30 agosto 2020 às 00h00
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Uma possível composição com o MDB de Maguito Vilela está descartada? Ainda não. Pode ser retomada se o MDB se afastar de Caiado
Na semana passada os políticos de proa de Goiás e de Goiânia começaram a mexer as peças do xadrez com mais pressa. De fato, houve uma aproximação entre setores do MDB — capitaneada pelos ex-governador Maguito Vilela e pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha — e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do Democratas.
O lance era o seguinte: Ronaldo Caiado bancaria Maguito Vilela para prefeito de Goiânia, em 2020, e a reeleição do líder do Democratas seria apoiada pelo líder do MDB, em 2022. Simples.
Mas não tão simples assim. O senador Vanderlan Cardoso, do PSD, decidiu “melar” o jogo, apresentando-se como pré-candidato a prefeito de Goiânia e admitindo a possibilidade de se aproximar de Ronaldo Caiado. Na prática, sentira-se traído pelo vilelismo, com quem vinha trocando juras de amor tanto para 2020 quanto para 2022.
Havia — ou há — a possibilidade de o PSD bancar o vice de Maguito Vilela em Goiânia. Havia até um nome praticamente definido — o do ex-deputado Simeyzon Silveira, presidente do PSD na capital e uma liderança evangélica sedimentada na cidade.
Entretanto, com a notícia de que Maguito Vilela se aliaria a Ronaldo Caiado, deu-se a insurreição de Vanderlan Cardoso. Frise-se que, quando Iris Rezende estava no páreo, as pesquisas apontavam que só havia um nome capaz de derrotá-lo — exatamente o senador do Partido Social Democrático.
O senador anunciou que, com Maguito Vilela do lado de Ronaldo Caiado, poderia se colocar a postos para a disputa. Houve quem dissesse: “O senador está blefando, com o objetivo de ‘segurar’ Maguito Vilela e Daniel Vilela nos quadros da oposição”. Anunciou-se também que Gustavo Mendanha estaria rifando o vice-prefeito Veter Martins, do PSD e ligado a Vanderlan Cardoso, e o substituindo, na disputa da reeleição, pelo pastor Romeu Ivo, da Assembleia de Deus-Esperança.
De pronto, Vanderlan Cardoso entendeu que havia uma tentativa de esvaziá-lo, de enfraquecê-lo para a disputa de 2022. Portanto, decidiu anunciar que poderia entrar, com a cara e a coragem, na disputa pela Prefeitura de Goiânia, em 2020.
Vanderlan Cardoso, afinal, estaria blefando. Pode ser que sim. Pode ser que não.
Talvez o senador esteja jogando com as armas de que dispõe — o seu cacife pessoal e um partido que tem amplos recursos do Fundo Eleitoral e um bom tempo de televisão.
O senador perdeu duas eleições para governador de Goiás e uma para prefeito de Goiânia. Um dos motivos é que não tinha um grupo com capilaridade em todo o Estado, o que, em 2022, poderia lhe conferir uma aliança com o MDB, que está na capital e consolidado em todas as cidades do interior. Desde algum tempo, o que ele vem tentando montar é um grupo consistente para não chegar na próxima disputa para o governo como um peixe fora d’água, por isso quer unir seu capital político a outro capital, o do MDB.
O fato é que Vanderlan Cardoso sente que precisa constituir um grupo político e percebe que, se for eleito prefeito de Goiânia, pode ser a ponte para, finalmente, tê-lo ao seu lado. Afinal, sabe-se, time que não joga não tem torcida.
Na política, como na guerra, às vezes recua-se dois passos para avançar três. Então, disputar a Prefeitura de Goiânia poderia ser um recuo, mas seria meramente estratégico, no sentido de retardar a disputa para o governo. Ele poderia postular a gestão estadual em 2026. Convém lembrar que o líder do PSD tem apenas 57 anos. Em 2026, ele terá 64. O governador Ronaldo Caiado tem, hoje, 71 anos e vai para a reeleição com 73 anos. Maguito Vilela também tem 71 anos.
O orçamento de Goiânia é gigante e um prefeito de ideias arejadas e não monotemáticas, com um planejamento modernizante, pode deixá-la, depois de quatro ou oito anos, cacifado para voos mais altos.
Conclusão: Vanderlan Cardoso não está blefando e não teme perder para Maguito Vilela — pois político que teme perder eleição não é exatamente político —, portanto pode ser candidato a prefeito. Mas seu projeto prioritário é a disputa na capital? Talvez não seja. Mas pode passar a ser. O fato é que os dados ainda estão sendo lançados e não é impossível que o senador e o ex-governador retomem as conversações em breve. A história de que Vanderlan Cardoso pode ser candidato assustou o emedebismo. É fato.