Se fosse candango (e estivesse vivo), Hemingway talvez escrevesse o romance “Adeus, Arrudas”.

Há dois Arruda(s) na política de Brasília. Primeiro, José Roberto Arruda — ex-governador e ex-senador. Segundo, a deputada federal Flávia Arruda, mulher de José Roberto.

Flávia Arruda foi ministra do governo de Jair Bolsonaro e integra o Centrão de Ciro Nogueira e, sobretudo, Arthur Lira. É filiada ao PL. José Roberto Arruda foi dominante na política do Distrito Federal — até ser cassado sob acusação de corrupção.

Os Arruda são poderosos… ma non troppo…

José Roberto Arruda: vetado pelo TSE | Foto: Reprodução

Empoderada, Flávia Arruda decidiu disputar uma vaga no Senado, com o apoio do governador Ibaneis Rocha. Nas primeiras pesquisas aparecia como imbatível. Já teria até encomendado o tailleur da posse.

Porém, no meio do caminho, ao lado de uma pedra, surgiu um drummond: Damares Alves.

A ex-ministra foi colocada na disputa, por Jair e Michelle Bolsonaro, com o objetivo de derrotar Flávia Arruda — que parece ter percebido o jogo muito tarde, na prorrogação e perdendo de 1 a 0. Até Ibaneis Rocha trocou de lado e, nos bastidores, apoia Damares Alves.

Na última pesquisa Ipec, Flávia Arruda e Damares Alves apareceram empatadas, com 28%.

Ibaneis Rocha e Damares Alves: o governador joga com a ex-ministra | Foto: Reprodução

Entretanto, Damares Alves está crescendo e Flávia Arruda está caindo. Só um milagre pode “salvar” a deputada federal.

Para piorar a situação dos Arruda, o TSE decidiu manter a inelegibilidade de José Roberto Arruda (PL) — que não poderá disputar mandato de deputado federal.

José Roberto Arruda, conhecido como Arruda, era cotado para ser o deputado mais votado do Distrito Federal.

Agora, se o descenso de Flávia Arruda for confirmado, os Arruda ficarão sem mandato por quatro anos. No limbo.

Nos bastidores, os aliados de Ibaneis Rocha e Damares Alves comemoram e dizem: Flávia e José Roberto Arruda “arrodaram”.

Há quem postule que, no momento, Ibaneis Rocha está precisando da força eleitoral de Damares Alves. Porque, no caso de segundo turno, pode perder uma eleição que está (estava?) nas suas mãos.