Uma derrota de Vilmar Mariano será pior para Mendanha do que para o prefeito

08 outubro 2023 às 00h07

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Há uma disputa por secretarias na gestão do prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, do MDB. De um lado, o ex-prefeito Gustavo Mendanha luta para indicar aliados e, ao mesmo tempo, para expurgar “adversários” que ocupam cargos relevantes: Einstein Paniago e Marlúcio Pereira.
Einstein Paniago reorganizou a Secretaria da Fazenda e é considerado um técnico eficiente. Marlúcio Pereira é secretário de Articulação Política. Se procede que Mendanha quer derrubá-los, instalando aliados em seus lugares, isto significa que quer o controle do cofre e da operação política. Noutras palavras, se conseguir o seu intento, será praticamente o prefeito de fato, e não apenas uma espécie de prefeito-adjunto. Vilmar Mariano se tornará, se isto acontecer, um prefeito decorativo.

Consta que, operando ao lado de Vilmar Mariano, o deputado estadual Veter Martins articula contra as aspirações de Mendanha.
Os dois grupos, que estão em guerra, não se atentam para o essencial, optando por discussões acessórias. Enquanto brigam, o pré-candidato da oposição, Professor Alcides Ribeiro, do PL, firma-se ante o eleitorado. A 11 meses e alguns dias do pleito, o deputado federal bolsonarista lidera as pesquisas de intenção de voto.
Professor Alcides aparece bem, mas sua frente ainda não é confortável, ou seja, há espaço para um provável crescimento de Vilmar Mariano (ou de um candidato alternativo, como Leandro Vilela, sobrinho de Maguito Vilela e primo do vice-governador Daniel Vilela).
Por que Professor Alcides aparece em primeiro lugar, à frente de Vilmar Mariano e Ademir Menezes (PSD)? Primeiro, porque é mais conhecido. Segundo, porque, como prefeito, Vilmar Mariano ainda não deslanchou. Terceiro, não está definido, ao menos para público, se realmente Mendanha — o principal general eleitoral de Aparecida — vai coordenar o seu palanque. Há uma espécie de chove-não molha.
Mendanha vai realmente apoiar Vilmar Mariano? Tudo indica que sim. Mas chegou a hora de assumir o prefeito. Porque os eleitores ainda estão em dúvida e não sabem se o apoio é real.
Na política, como na vida, é preciso distinguir o que é acessório do que é essencial. Mendanha talvez não tenha percebido que está em jogo muito mais do que o mandato de Vilmar Mariano. Na verdade, uma derrota para Professor Alcides será mais terrível para Mendanha do que para o prefeito. Este não tem projeto político estadual e, se não for reeleito, continuará na política de Aparecida, com a possibilidade de disputar mandato de vereador, em 2028.
Entretanto, uma derrota de Vilmar Mariano (ou de outro candidato) para Professor Alcides poderá reduzir a força política de Mendanha tanto em Aparecida quanto em Goiás. Então, a rigor, uma derrota será dele, e não do prefeito. Por isso, tem de assumir, de cara, uma candidatura — seja a de Vilmar Mariano ou a de Leandro Vilela.
Se conseguir levar Vilmar Mariano à reeleição, Mendanha se credenciará para grandes disputas eleitorais em 2026, quando poderá ser candidato a senador ou a vice de Daniel Vilela. Porém, em caso de derrota, terá de disputar, se tanto, mandato de deputado federal. (E.F.B.)