O ex-prefeito pode disputar mandato de deputado federal e Cambão pode ir à reeleição com o apoio da prefeita em 2022

Cristóvão Tormin e Edna Aparecida | Foto: Reprodução

O sinal estava verde exclusivamente para o deputado Diego Sorgatto na disputa para prefeito de Luziânia. Era o verdadeiro Lewis Hamilton da política do Entorno de Brasília. Olhava pelo retrovisor e via Wilde Cambão, uma espécie de Sebastian Vettel, longe, ainda que não muito longe. A fatura parecia liquidada. As denúncias de assédio sexual que pesam contra Cristóvão Tormin, o prefeito afastado que não voltará mais ao poder, atingiram a candidatura de Cambão como uma bomba atômica, implodindo-a.

Wilde Cambão, deputado estadual pelo PSD | Foto: Denise Xavier/ Ascom

Cambão esteve com o presidente do PSD, Vilmar Rocha, e garantiu que vai disputar. A ressalta é que ninguém acredita mais na sua candidatura, talvez nem ele mesmo. O mais provável é que dispute única e exclusivamente para manter seu nome lembrado para a disputa de 2022, quando deverá disputar a reeleição.

Há uma outra leitura. Cristóvão Tormin, ao perceber a fragilidade de seu pupilo Cambão, pode retirá-lo do páreo e bancar a candidatura da prefeita Professora Edna Aparecida Alves dos Santos, que, de interina, está se tornando definitiva.

No início, quando começou a falar que poderia ser candidata a prefeita, subestimaram Professora Edna. Entretanto, aos poucos, a líder do Podemos está crescendo nas pesquisas e já representa a principal ameaça à candidatura de Diego Sorgatto.

Diego Sorgatto e Célio Silveira:  aliados em Luziânia| Foto: Divulgação

A jogada de Cristóvão Tormin é, na hora que avaliar como oportuno, retirar a pré-candidatura de Cambão, que não está dando conta de carregar, para bancar a da Professora Edna. Por que “aprecia” a representante política do Podemos?

Não. Tormin não tem apreço algum pela Professora Edna, que tomou o seu lugar, ainda que por decisão judicial. Mas, se seu candidato tem poucas chances — tanto que já passam a chamá-lo de Wilde Pesadão —, pode colocar sua estrutura para bancá-la. O que se pensa é que, para superar Sorgatto, a prefeita precisa apenas de um empurrãozinho — que pode advir do grupo de Tormin.

Eládio Carneiro, pré-candidato pelo PSL | Foto: Reprodução

Por que Tormin pode compor com Professora Edna? Por um único motivo: para impedir o fortalecimento do grupo de Sorgatto, seu adversário — e até inimigo — visceral em Luziânia. Enfraquecer o pré-candidato do DEM a prefeito levaria também ao enfraquecimento de outro arquirrival de Tormin — o deputado federal Célio Silveira (PSDB).

O jogo de Sorgatto, se eleito, é bancar Marcelo Melo, do DEM, para deputado estadual e Célio Silveira para deputado federal. Já Tormin estaria pensando noutro esquema. Bancaria Professora Edna para prefeita e trabalharia para obter seu apoio para disputar mandato de deputado federal em 2022 — com Cambão optando pela reeleição.

O quadro descrito já está estabelecido? Ainda não. Mas a lógica sugere que se trata de um caminho amplamente possível. Pode vigorar em Luziânia a tese de que “o inimigo do meu inimigo é, racionalmente, meu amigo”.

O PSL do deputado Delegado Waldir Soares banca a candidatura do advogado Eládio Carneiro, que é um político respeitado no município. Só lhe falta estrutura política e financeira. Delegado Waldir avalia que pode acabar surpreendendo.