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Deputado aposta que retirada do petista pode contribuir pra reduzir vitalidade política de Bolsonaro

Thiago Peixoto: “O presidenciável Ciro Gomes não agrega a esquerda” | Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção

O deputado federal e economista Thiago Peixoto (PSD) acaba de chegar da Califórnia, onde morou e estudou. “A Califórnia, se fosse um país, teria o sexto (maior) PIB do mundo”, afirma.
Thiago Peixoto ficou 20 dias no exterior, mas já está articulando e visitando suas bases eleitorais. Ele esteve com o vice-governador José Eliton, que está montando sua equipe de governo. O tucano sugere que o PSD indique o próximo secretário das Cidades e Meio Ambiente. Até por lealdade ao secretário que está deixando o cargo, Vilmar Rocha, seu aliado político e amigo, o parlamentar optou por não apresentar nenhum nome. Mas avalia como lícito o fato de o deputado federal Heuler Cruvinel (cotado para ser vice) e o deputado estadual Francisco Júnior articularem nomes para a Secima. Há dois nomes listados: Fonseca (apresentado por Cruvi­nel) e Lucas (listado por Francis­co). Já o presidente do PSD não pretende indicar nenhum nome, mas, se o fizesse, seria Mário João.

Acompanhando a indicação dos secretários, Thiago Peixoto nota que se está optando por figuras notáveis. “Gosto do Irapuan Costa Junior, escolhido para o cargo de secretário de Segurança Pública. Aprecio até conversar com o ex-governador, que é intelectual categorizado e entende do setor. Sei, porém, que a pasta da Segurança é muito difícil e os resultados são lentos. Mas, insisto, o novo secretário é qualificado.”

Inquirido se o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), será candidato a presidente da República, Thiago Peixoto expõe: “Ele foi presidente do Banco de Boston, em nível internacional, presidente do Banco Central e agora é o ministro da Fazenda. Trata-se de um técnico altamente eficiente, que está conseguindo dar um rumo ao país. Mas gerir a economia não é o mesmo que fazer política. É provável, até, que Henrique seria um presidente competente. O ‘problema’ é que, antes, tem de ser candidato. Fazer política não é o metier do ministro. Ele praticamente não articula e, deste modo, é impossível uma candidatura a presidente, que pressupõe acordos políticos em todo o país”.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tende a ser o candidato que vai reunir o centro? “O possível afastamento de Lula da Silva da disputa — a esquerda deixaria de ter um candidato eleitoralmente consistente — abre a possibilidade para mais candidatos de centro. Não sei quem, mas, além do tucano paulista, podem surgir novos nomes. Alckmin serve para São Paulo, mas não tem a ‘cara’ do país. No espectro da esquerda, sobra Ciro Gomes (PDT) — muito mais do que Fernando Haddad e Jaques Wagner. Porém, o ex-governador do Ceará não agrega toda a esquerda. O PC do B está lançando uma candidata e o PSB pode compor com Alckmin ou lançar candidato próprio, como o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Marina Silva, da Rede, não consegue articular uma estrutura nacional.”
E quanto ao fenômeno Jair Bolsonaro? “É provável que, com a queda de Lula da Silva, Bolso­na­ro se desidrate. O petista, de alguma maneira, contribuía para fortalecê-lo.”

A política internacional é um dos interesses de Thiago Peixoto. “Assisti o filme ‘O Destino de uma Nação’, sobre Winston Churchill. A história do primeiro-ministro britânico é extraordinária — assim como a atuação do ator Gary Oldman. Com sua determinação, inteligência e presença de espírito, o político que foi decisivo para derrotar o nazista Adolf Hitler ainda é um modelo para a nossa época.” O economista recomenda duas biografias para ajudar a compreender o notável político que não permitiu que a Inglaterra se dobrasse ante o poderio da Alemanha: “Churchill”, de Roy Jenkins, e “The Last Lion — Winston Spencer Churchill”, de William Manchester.

Thiago Peixoto afirma que a Califórnia “é o bunker americano contra o presidente Donald Trump. A resistência é tanta que é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos não visita a Califórnia no seu primeiro ano de governo. É a mesma coisa se um presidente brasileiro decidisse não visitar São Paulo. Porém, noutros Estados, percebe-se que Trump ainda tem uma base popular muito forte, que é o que o sustenta”.

O deputado recomenda uma entrevista que o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama concedeu a David Letterman. “Obama disse que antes as pessoas tinham sua opinião, mas levavam em consideração os fatos. Agora, cada um tem seus próprios fatos”. O que gera contrafações frequentes. “No momento, a pessoa que aprecia Trump só circula nos locais pró-presidente — o que trava o debate entre posições contrárias.”