Suposto jogo duplo do prefeito Iris Rezende pode inviabilizar sua gestão
08 julho 2018 às 00h00
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O presidente Michel Temer só tem interesse em viabilizar o prefeito de Goiânia se ele viabilizar campanha de Daniel Vilela a governador
Nos bastidores do Palácio do Planalto, entre políticos e auxiliares próximos do presidente Michel Temer, comenta-se que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, ao mesmo tempo que afirma que apoia o pré-candidato do MDB a governador de Goiás, Daniel Vilela, mantém dois de seus principais aliados políticos, Lívio Luciano e Samuel Belchior, ao lado do pré-candidato do DEM a governador, Ronaldo Caiado. Lívio Luciano inclusive é cotado para ser vice do postulante do Democratas.
O que se diz é que Iris Rezende gostaria de apoiar diretamente a candidatura de Ronaldo Caiado, porque o percebe como o único candidato que é inteiramente anti-Marconi Perillo. Porém, como depende do governo federal para tentar viabilizar sua gestão — em ano e seis meses, quase a metade do mandato, Goiânia, sob o emedebista, está paralisada —, o decano do MDB afirma, publicamente, que apoia Daniel Vilela.
Iris Rezende espera a liberação de um empréstimo de 400 milhões para recapear toda a cidade e, com isso, consagrar-se política e eleitoralmente. Mas a liberação depende do governo federal, que afirma que está ajudando mas sugere que o prefeito precisa ser mais enfático no apoio à candidatura de Daniel Vilela. Como explicar, por exemplo, que nanopartidos mantenham cargos importantes na Prefeitura de Goiânia e, mesmo assim, apoiem a candidatura de Ronaldo Caiado? O que se comenta, nos pequenos partidos, é que em nenhum momento Iris Rezende pediu — ou exigiu — que deixassem de apoiar o presidente do partido Democratas. Mantê-los na prefeitura é uma forma de, indiretamente, o emedebista anunciar que apoia, ao menos em parte, o postulante do DEM. Seria um apoio indireto.
Ocorre que, embora seja um grande jogador político, Iris Rezende não está lidando com amadores. O presidente Michel Temer é um dos políticos mais hábeis do país. Enquanto o emedebista goiano não se enquadrar, apresentando indicativos de que está rompendo com Ronaldo Caiado — por exemplo, puxando partidos para a campanha de Daniel Vilela —, o governo federal também não vai sinalizar positivamente para viabilizar sua gestão. O tempo de Iris Rezende está se esgotando. Até agora, deu meras declarações de que irá participar ativamente da campanha de Daniel Vilela. Não foi e não é suficiente.
Vale lembrar que, além do empréstimo do Banco Andino, há outro na bica para ser liberado. Mas Iris Rezende não quer se exibir como vilelista, preferindo, supostamente, mostrar-se como caiadista. Por uma questão de justiça, é preciso admitir que, em público, o político octogenário garante que apoia Daniel Vilela para governador. O problema é que, nos bastidores — onde a política efetivamente funciona —, a imagem cristalizada é que apoia Ronaldo Caiado.
Quando instado a indicar alguém de seu grupo para disputar o Senado, para provar boa vontade, Iris Rezende lançou o nome de Agenor Mariano. Emedebistas sublinham que se trata de um jovem de valor, mas sem experiência política estadual e, sobretudo, sem votos. Agenor Mariano está trabalhando, é amigo de Daniel Vilela e o leva a sério. Mas, segundo os emedebistas de proa, não acrescentou 1% a mais para o postulante do MDB.
Por fim, os temeristas dizem que viabilizar Iris Rezende é o mesmo que viabilizar Ronaldo Caiado, um dos mais contundentes críticos do presidente Michel Temer.