Na Câmara dos Deputados, a proposta de emenda à Constituição (PEC) passou “tratorando” tudo. O motorista responsável pelo atropelamento foi ninguém menos do que o presidente da Casa, Arthur Lira (pP-AL): ele arou todo o “atalho” para que as votações fossem feitas em sequência, no mesmo dia e no prazo de poucas horas. Detalhe: sem antes o projeto passar pelas comissões.

Qualquer oposição, mesmo propositiva, foi esmagada. Entre os chefes das unidades federativas, a única voz ativa contrária foi a de Ronaldo Caiado (UB), que ficou indignado não só com o conteúdo, mas também com a forma da condução do processo na Casa.

A esperança de uma reversão agora é o Senado, cujo presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve colocar o texto em pauta logo após o retorno do recesso parlamentar, em agosto. Da parte de Goiás, é possível – e até provável – que o trio de parlamentares feche questão em não aprovar a proposta, pelo menos não como está hoje.

Os senadores Jorge Kajuru (PSB) e Vanderlan Cardoso (PSD), que não se topam, nessa estão juntos com Caiado e querem ser partícipes para evitar eventuais prejuízos para o Estado com a proposta. Já Wilder Morais (PL), além de estar se aproximando cada vez mais do governador, tem outro grande motivo para votar contra: chama-se Jair Bolsonaro, seu padrinho político e também presidente de honra do partido, que já deixou bem claro que voto a favor da reforma é “traição à direita”. E deixar o ex-presidente se sentir traído é algo a que Wilder não pode se dar o luxo, ainda mais por estar de olho nas eleições municipais do próximo ano.

Uma coisa é certa, a de que no Senado não haverá a mesma celeridade no trâmite da proposta. Pacheco não é Lira. Como bom mineiro (e ótimo político), é comedido e preza o diálogo. E o mais importante: senadores estão lá para representar suas unidades federativas e não interesses de grupos específicos. Caiado pode, sim, sonhar em mudar o jogo.