Sem o PP, Daniel Vilela deve compor com o PT em 2020 para obter apoio em 2022

27 outubro 2019 às 00h01

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Quatro forças estão se postando para a disputa de 2022: o DEM, o MDB, o PP e o PSDB. O primeiro articula pesado

O jogo político começa mais cedo do que os amadores acreditam. Os profissionais não deixam de jogar um minuto, mas simulam que não estão jogando para que os adversários não percebam, ao menos não em toda sua dimensão, a força da movimentação das peças do xadrez político.
Claro que Goiás tem uma eleição para as prefeituras em 2020. Os líderes políticos estão trabalhando a montagem de chapas e alianças políticas. Porque as prefeituras contam muito para a disputa seguinte, a de governador, senador e deputado. Mas, no geral, a montagem de nova estrutura tem a ver com a disputa majoritária para governador. Por isso, assiste-se os líderes movimentando-se nas bases, tentando ampliá-las e, ao mesmo tempo, reduzir a força das bases adversários. No momento, ante a combalida liderança do PSDB — o ex-governador Marconi Perillo está articulando, mas não tem a mesma força de antes —, vários partidos estão atacando suas bases em várias regiões do Estado. A face mais visível é no Entorno de Brasília, mas o jogo se dá praticamente em todo o Estado.
Quatro forças estão se colocando para 2022: o DEM do governador Ronaldo Caiado, o MDB do ex-deputado federal Daniel Vilela, o Progressistas do ex-ministro Alexandre Baldy e do senador Vanderlan Cardoso e o PSDB do prefeito de Trindade, Jânio Darrot.
Das quatro forças, a mais enfraquecida é o PSDB, não por causa de Jânio Darrot, e sim devido ao desgaste moral das liderança anteriores —sobretudo por causa das prisões do ex-governador Marconi Perillo e de seu braço direito, o empresário Jayme Rincón (ambos estão em liberdade).

Os aliados de Ronaldo Caiado, no DEM e nos partidos associados, estão jogando pesado em todo o Estado, e não só no Entorno de Brasília. A base marconista — é mais marconista do que tucana — está migrando, ao menos em parte, para as bases do governador, que está se mostrando extremamente hábil na articulação política.
O MDB articulava com o Progressistas, mas subordinando este partido, que agora decidiu rebelar-se e articular por si. O PP, via Alexandre Baldy, aproximou-se do governador Ronaldo Caiado. Trata-se, por enquanto, de uma parceria administrativa, mas que pode se tornar política, entre 2020 e 2022. O fato mais importante é que o PP se desgarrou do MDB e está jogando sozinho ou em aliança com outros grupos. Porque quer bancar candidato a governador em 2022, que pode ser tanto Alexandre Baldy quanto Vanderlan Cardoso. Se, desde já, o MDB disser que apoia um dos para governador, a aliança será retomada. Entretanto, como o MDB tem, desde já, candidato a governador — Daniel Vilela —, a composição fica difícil.
O que fará Daniel Vilela? Sem o PP, o emedebismo precisa de outra força política — que pode ser o PT do deputado federal Rubens Otoni, dos deputados estaduais Antônio Gomide e Adriana Accorsi e da presidente estadual do partido, Kátia Maria. O desgaste do PT em Goiás é menor do que o desgaste do PT nacional, por isso a possibilidade de aliança. No momento, Daniel Vilela articula um vice, possivelmente o dentista e empresário Márcio Correia, para Antônio Gomide, que deve ser candidato a prefeito de Anápolis. Se a aliança não vingar, o MDB pode lançar Márcio Correia ou o delegado de polícia Manoel Vanderic.