Alexandre de Moraes é um advogado e homem íntegro. Mas, como o presidente e alguns de seus aliados são citados na Lava Jato, a indicação pode não ser legítima, ainda que legal

Alexandre de Moraes e ministro da Justiça do governo de Michel Temer | Foto: Edson Lopes Jr/A2 FOTOGRAFIA

Quando presidente da República, Dilma Rousseff, do PT, não ousou indicar José Eduardo Cardozo para o Supremo Tribunal Federal, nem outro de seus auxiliares mais próximos, como Luís Inácio Adams. Se tivesse continuado no poder e surgisse uma nova vaga, poderia ter indicado um dos dois. O fato é que não indicou. Ao presidente Michel Temer (PMDB), seu substituto e ele próprio jurista, com passagem pela universidade como professor, cabe indicar o substituto de Teori Albino Zavascki, recentemente falecido, para o Supremo Tribunal Federal. Cada jornal está publicando sua lista dos mais cotados. Os preferidos do chefe Executivo seriam o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (o predileto do PSDB, ao qual é filiado), Antonio Cláudio Mariz de Oliveira (o problema central é que se tornou crítico visceral da Operação Lava Jato) e Ives Gandra Filho. Há outros nomes, como Heleno Torres, Herman Benjamin (ministro do STJ) e Bruno Dantas Nascimento (ministro do Tribunal de Contas da União).

Alexandre de Moraes, doutor em Direito, é professor da Universidade de São Paulo e Universidade Presbiteriana Mackenzie. É apontado como um jurista preparado para os julgamentos do STF. Não faria feio lá. Porém, se indicá-lo, o presidente Michel Temer estaria sugerindo que planeja ter alguma influência sobre a condução da Operação Lava Jato. Seria, na prática, uma tentativa de desmoralização da Lava Jato e, quiçá, do STF. O presidente e outros de seus aliados são mencionados, até investigados, pela Operação Lava Jato. Não se trata de criticar a honorabilidade de Alexandre de Moraes, pois o professor é um homem e profissional íntegro, e sim de apontar um problema ético.