Se eleito senador, Tarcísio de Freitas deve disputar a Presidência em 2026
20 junho 2021 às 00h03
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Bolsonaro quer bancar o ministro da Infraestrutura em São Paulo, mas o ministro prefere disputar mandato em Brasília, que considera como sua cidade
O presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, acredita, piamente, que vai superar o momento adverso — dadas a possibilidade de crescimento econômico (estima-se 5,5% em 2021 e 3,5% em 2022) e a aceleração da vacinação — e será reeleito, daqui a um ano e três meses.
Bolsonaristas postulam que o presidente vai superar Lula da Silva, apostando na massificação de que se trata de um “ex-presidiário” e “corrupto”, o que, com o assunto vulgarizado em progressão geométrica, pode surtir efeito. É no que acreditam. Noutra via, sugerem que o petista, sendo elegível hoje, pode não ser amanhã, dependendo do desenrolar dos processos e de novas denúncias. O fato é que se fala num “trunfo” contra Lula — que não se sabe, exatamente, qual é.
Comenta-se também que, se for derrotado, Bolsonaro será candidato, pela terceira vez consecutiva, em 2026. Frise-se, porém, que o bolsonarismo não admite derrota em 2022, ao menos não publicamente. Pelo contrário, para consumo público, fala-se somente em vitória — no segundo turno.
Mesmo sem ter passado por 2022, Bolsonaro trabalha para “criar” um sucessor para 2026 — o engenheiro Tarcísio Gomes de Freitas, formado pela Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) e ministro da Infraestrutura.
Bolsonaro, que passou quase 30 anos no Congresso, como deputado federal, sabe que, antes de tudo, Tarcísio de Freitas precisa adquirir musculatura política e experiência em termos de articulação. Por isso pretende bancá-lo para o Senado — uma escola de política composta por raposas felpudas.
Do ponto de vista de Bolsonaro — outra raposa felpuda —, Tarcísio de Freitas tem de começar sua carreira política por São Paulo. Por dois motivos. Primeiro, o PIB paulista percebe o jovem como o ministro mais eficiente do governo Bolsonaro. Cristalizou-se a imagem de que o ministro da Infraestrutura faz, enquanto outros falam. Segundo, São Paulo é o Estado mais rico e tem o maior eleitorado do país. Um político de lá, portanto, teria mais projeção nacional para uma disputa a presidente da República.
Tarcísio de Freitas, como não é político, seguirá aquilo que seu guru traçar. Mas o ministro teria sugerido a Bolsonaro que, se é mesmo para disputar mandato, e logo de senador — uma disputa difícil, pois só uma vaga está em disputa —, prefere ser candidato em Brasília.
Na capital do país, onde mora há anos (nasceu no Rio de Janeiro), constituiu família e uma rede de amigos e aliados, Tarcísio de Freitas acredita que há mais possibilidade de ser eleito, porque já é razoavelmente conhecido. O jovem de 46 anos sabe que enfrentará uma pedreira, o senador José Antônio Reguffe, tido como incorruptível e popularíssimo nas classes médias. Mas, segundo um jornalista, tendo o apoio firme de Bolsonaro, o ministro não teme enfrentar o político do Cidadania.
Bolsonaro percebe Tarcísio de Freitas como um nome para sucedê-lo em 2026. O avalia como sério, competente, tido como incorruptível e é jovem. Sobretudo, tem origem militar (o presidente confia mais em militares e ex-militares do que em civis).
Em 2026, quando terá 51 anos, e, se estiver no Senado, terá adquirido experiência política, tornando-se também uma raposa felpuda, Tarcísio de Freitas, se Bolsonaro realmente tiver sido reeleito, poderá ser um nome consistente. O que se teme, entre os políticos, é que se torne uma espécie de Dilma Rousseff de Bolsonaro. “Não acredito neste risco. Tarcísio é firme, ninguém tem coragem de lhe fazer propostas indecorosas, mas é uma pessoa afável, de caráter diplomático. Ele é um workaholic. Bolsonaro percebeu que, com ele, a infraestrutura do país começa a ser tanto restaurada quanto ampliada. Ao contrário de Dilma Rousseff, Tarcísio, embora técnico, não é um burocrata de gabinete. Ele acompanha as obras de perto, o que contribui para acelerá-las”, postula um bolsonarista.