Se acredita que Iris Araújo vai respeitar suas bases eleitorais, José Nelto crê em fadas

27 setembro 2017 às 15h31

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Na disputa para deputado, os principais rivais não estão nos partidos adversários; estão no próprio partido, mora ao lado

José Nelto é um dos mais aguerridos deputados estaduais do PMDB. Trata-se de um político espertíssimo. Mas, se acredita que Iris Araújo vai deixar de invadir seus “redutos” eleitorais, só porque divulgou o problema que está ocorrendo, está perdendo parte de sua argúcia política.
Há uma característica que é peculiar às disputas proporcionais: o principal adversário não está num partido adversário; ele é interno. Em 2014, Daniel Vilela e Pedro Chaves foram eleitos deputados federais e, em consequência, deixaram Iris Araújo sem mandato. Os três são do PMDB. Em 2018, a tendência é que o PMDB eleja no máximo um ou dois deputados federais. Se eleger dois, é praticamente certo que serão Iris Araújo e José Nelto — os pré-candidatos que mais estão trabalhando.
Entretanto, se o PMDB eleger apenas um deputado, não resta a menor dúvida de que será Iris Araújo, dada a estrutura que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, está montando para bancá-la. Assim, José Nelto ficará de fora da Câmara dos Deputados.
Para se eleger, depois de ter perdido bisonhamente em 2014, Iris Araújo vai jogar, já está jogando, pesado. Doa em quem doer. A ex-deputada sabe que o inimigo — José Nelto — mora ao lado. Por isso, vai fazer tudo, até o impossível, para deixá-lo para trás. É o adversário — talvez o único — a ser batido. Para piorar as coisas, os votos dados em José Nelto possivelmente contribuirão para elegê-la.