Ronaldo Dimas, Wanderlei Barbosa e Irajá Abreu: nomes fortes para o governo do Tocantins

16 maio 2021 às 00h02

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O senador Irajá ainda não anunciou intenção de disputar. Ronaldo Dimas e Wanderlei Barbosa são apontados como os dois grandes nomes
A um ano e quatro meses das eleições de 2022, a política do Tocantins está esquentando, com as articulações políticas fervendo nos bastidores. Fala-se na formatação de chapas para governador, senador (só há uma vaga) e deputado — e em possíveis “traições”.
Comenta-se, entre os experts na política do Estado que a disputa para o governo do Estado terá dois candidatos competitivos — Wanderlei Barbosa e Ronaldo Dimas, do Podemos — e um outsider, que ainda não se sabe quem será.
A esquerda petista tende a apoiar aquele candidato que abrir espaço para Lula da Silva no seu palanque.
Chapa 1
Ronaldo Dimas, Laurez Moreira e Ataídes Borges
O ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas — que deixou a gestão muito bem avaliado, tanto que fez o sucessor — anuncia, nos quatro cantos do Tocantins, que será candidato a governador. Informa também que terá ao apoio do senador Eduardo Gomes (MDB), espécie de “bolsosênior” do Palácio do Planalto. Mas comenta-se que Eduardo Gomes sonha com uma candidatura a governador, pois teria o apoio do governador Mauro Carlesse (PSL). Entretanto, como teria prometido apoio ao postulante de Araguaína, receia, se for candidato, ficar com a imagem de “traidor” (políticos até apreciam trair, mas não gostam de ficar com a imagem de traidores).
Ronaldo Dimas formatando um grupo que inclui, além dele, o ex-senador Ataídes Oliveira (Pros), o ex-deputado federal Laurez Moreira (deve ir para o Pros ou para o PSB) e o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB). Há também, frise-se, o indefectível senador Eduardo Gomes.
Um deputado afirma que o grupo está “fechado” e à procura de novos aliados. Há quem postule que, ao deixar o governo, em 4 de abril de 2022, daqui a dez meses, o governador Mauro Carlesse começará a notar um certo “derretimento” de sua base político-eleitoral. “Há um cansaço com o estilão de coronel de Carlesse. A gente sente que os políticos e os eleitores querem mudança”, postula o parlamentar. “Carlesse é uma mistura de Siqueira Campos e Marcelo Miranda.”
A tendência é que a chapa seja composta assim: Ronaldo Dimas para governador, Laurez Moreira (ou Carlos Amastha) na vice e Ataídes Oliveira para senador. Se Laurez Moreira for o vice, Carlos Amastha disputará mandato de deputado federal. Se o ex-prefeito for o vice, Laurez Moreira irá a deputado federal. A força do poder econômico tende a garantir Ataídes Oliveira como postulante a uma vaga no Senado.
Chapa 2
Wanderlei Barbosa, Mauro Carlesse e mais um
Se Mauro Carlesse renunciar — a tese predominante é que disputará mandato de senador ou deputado federal, para ganhar “imunidade”, dado o volume de processos que, por certo, virão a partir de 2023, se a oposição vencer o pleito para o governo —, o vice Wanderlei Barbosa (PTB) assume, em 4 de abril de 2022, e se tornará candidato natural a governador. Aliados de Ronaldo Dimas o consideram como um postulante “fraco”. Mas um deputado ouvido pelo Jornal Opção tem outra opinião: “No Tocantins, em que as pessoas dependem muito do Estado, o governador nunca é ‘fraco’. Pelo contrário, é sempre forte. Wanderlei, ao assumir, se tornará um político poderoso e muitos políticos vão procurá-lo para composição. Ronaldo Dimas não pode subestimá-lo”.
A chapa teria Wanderlei para governador e Mauro Carlesse para senador. O vice ainda não está sendo cogitado. “Mas pode ser Olintho Neto, Vanda Monteiro ou qualquer um que tiver algum prestígio. O que importa mesmo na chapa é a figura do governador e de Mauro Carlesse. A chapa nasce forte, dado o possível poder de Wanderlei, se assumir o governo, e a popularidade de Carlesse”, frisa o deputado.
O que se ouve é que Eduardo Gomes vai apoiar Ronaldo Dimas para governador e, ao mesmo tempo, Mauro Carlesse para senador. Os dois estariam aliados com um objetivo: derrotar a senadora Kátia Abreu, do partido Progressistas, que planeja disputar a reeleição. Se ganhar, será seu terceiro mandato.
Chapa 3
Kátia Abreu, Irajá Abreu e mais um
O “drummond” no caminho de Kátia Abreu é não ter o apoio de uma chapa majoritária para bancá-la. Ressalve-se que, na disputa anterior, em 2018, seu filho Irajá Abreu também não contava com uma chapa majoritária consistente, tanto que não elegeu o governador, mas foi eleito senador. Qual é alternativa?
Não há nada definido por enquanto, mas uma fonte palaciana disse ao Jornal Opção ter escutado que Irajá Abreu pode ser candidato a governador com o único objetivo de fortalecer a candidatura de sua mãe a senadora. Sublinhe-se que nenhum dos dois senadores aventou a hipótese, o que não significa que seja impossível. Mesmo se perder para governador, Irajá Abreu continuará com quatro de mandato de senador pela frente.
Aliados de Mauro Carlesse criticam Kátia Abreu, sugerindo que é uma senadora que, a rigor, não representa o Tocantins — tanto que não teria um grupo político local. Pode até ser. Mas, quando as urnas são abertas, a senadora sempre aparece eleita. Está no segundo mandato no Senado. Seu filho Irajá Silvestre Abreu, de 38 anos, também foi eleito para o Senado, em 2018, contrariando seus críticos. Por mais que tentem depreciá-la, a impressão que se tem é que o tocantinense admira sua coragem e seu brilho na política nacional. Recentemente, ela foi decisiva para a exoneração do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ao criticá-lo duramente. Araújo reagiu, chegou a atacá-la, mas a senadora não se intimidou e bateu ainda mais no diplomata. Tudo indica que os eleitores do Tocantins têm admiração pela mulher de fibra que Kátia Abreu é. Em Brasília, o senador Eduardo Gomes é visto como “político de conchavos”, comportando-se, não como um senador autônomo, e sim como servo político do presidente Jair Bolsonaro. Nunca fez um discurso brilhante. Está em Brasília para ser “homem do governo”. E só. Mas é um político forte, hábil articulador. “O que ele quer de verdade é eleger o senador, Mauro Carlesse, e o governador, Ronaldo Dimas. Creio, até, que, se pudesse disputar o governo, com o apoio de Ronaldo Dimas e Mauro Carlesse, não hesitaria um minuto. Eduardo Gomes gosta de duas coisas: poder e dinheiro”, afirma o deputado ouvido pela redação.