João Campos Araújo, de 59 anos (fará 60 em abril), é um deputado federal atuante. Ele se alinha com a “bancada da bala” e com a “bancada evangélica”. É conservador assumido. Não esconde, em nenhum momento, que pertence à direita bolsonarista (mas é civilizado e não tem ligação com hordas violentas). Sobretudo, é eficiente e sério. Não há notícias de que tenha se envolvido com falcatruas (não está associado com coisas escabrosas como o Tratoraço, resultado do Orçamento Secreto, um suposto conluio entre o presidente Jair Bolsonaro, do PL, e amplos setores do Congresso Nacional).

Apesar de certa timidez, João Campos é um político articulado e experimentado — daí sua eficiência na Câmara dos Deputados.

Mas é possível sugerir que, ao sair candidato a senador pelo Republicanos, João Campos entrou numa canoa com mais de 10 furos.

Primeiro, ao apoiar Gustavo Mendanha, do Patriota, para governador, João Campos pode ter cometido um dos maiores erros políticos de sua vida. Dada sua experiência, não se sabe por qual motivo embarcou na canoa furada do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia. O que teria acontecido com o político, que é inteligente, perspicaz e cauteloso? Vaidade, raiva ou cegueira política momentânea? Não se sabe.

A relação entre Mendanha e João Campos é o que se pode chamar de “abraço de afogados”. É provável que o primeiro está “afogando” o segundo.

Segundo, trata-se de uma candidatura-solo. Porque, a rigor, João Campos não tem o apoio do partido Republicanos nem da Igreja Universal. Mais: parte da Igreja Assembleia de Deus, à qual pertence, como um integrante exemplar, também não o apoia.

Os principais líderes da Igreja Universal — que tem uma força política considerável em todo o Estado — apoiam a candidatura de Ronaldo Caiado, do União Brasil, para governador e de Alexandre Baldy, do pP, para senador.

O mesmo ocorre no partido Republicanos? Quem, do Republicanos, está, de fato, na campanha de João Campos? Claro, pode se falar de apoio proforma, porque, afinal, o deputado é presidente do partido em Goiás. Mas não há um integrante de primeira linha do partido — exceto João Campos (sim, um político de primeira linha) — que esteja apoiando as candidaturas de Mendanha e de João Campos.

No momento, João Campos está em terceiro lugar, bem atrás de Marconi Perillo, do PSDB, e de Delegado Waldir Soares, do União Brasil, nas pesquisas de intenção de voto. Aparece até bem-posicionado, mas a tendência é que caia para quarto ou quinto lugar. Por quê?

Porque a cada dia que passa João Campos vai perdendo expectativa de poder. Então, a tendência é que outros candidatos, como o ex-ministro Alexandre Baldy, o empresário Wilder Morais, do PL, ou o ex-deputado federal Vilmar Rocha, do PSD, o ultrapassem.

É uma pena, mas João Campos está só — solamente só. Se tornou um verdadeiro maior abandonado. Qual é o seu futuro político? Um deles: sair do Republicanos. Porque não há a menor dúvida de que, se eleito deputado federal, o deputado estadual Jeferson Rodrigues vai assumir a presidência do partido em Goiás.