Reforma do secretariado de Ronaldo Caiado deve sair depois do segundo turno nacional
16 outubro 2022 às 00h03
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De acordo com um político, quando é informado sobre as dezenas de “articulações” para reformular seu secretariado, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), sempre sorri. Não porque não esteja pensando em promover uma reforma administrativa, e sim porque ainda não decidiu como vai fazê-la. A tendência é que espere o término do segundo turno para iniciar as mudanças (talvez as faça apenas entre dezembro e janeiro; e, frise-se, ainda há a eleição para a mesa diretora da Assembleia Legislativa). Dependendo do resultado, muda-se a configuração política não apenas em nível nacional. Muda também em termos locais. Então, como político articulado que é, o gestor estadual vai esperar um pouco mais. Um adendo: o fato de ainda não ter decidido não significa que ele não saiba o que deve mudar. Ele certamente está de olho na famosa tese: é preciso mexer em time que está ganhando para ganhar muito mais. E até porque, se há setores muito avançados, há alguns, poucos, que precisam ser mais proativos.
Há dois pesos-pesados disputando a Secretaria da Indústria e Comércio: o senador eleito Wilder Morais, do PL, e o presidente do pP em Goiás, Alexandre Baldy. Wilder Morais não será secretário, mas tende a indicar o titular da pasta. No momento, é ocupada por Joel Santana Braga Filho. Mas há quem aposte que seu irmão, Alexandre Baldy, pode assumir o cargo.
A Secretaria da Agricultura, que pode absorver a Secretaria de Meio Ambiente (a secretária atual tende a sair), pode ser ocupada por Marussa Boldrin, deputada federal eleita. A vereadora de Rio Verde pertence ao MDB e é ligada ao deputado federal José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás. A Faeg (leia-se Schreiner) e Marussa Boldrin terão força e voz na indicação. Frise-se que os produtores rurais estão satisfeitos com a atuação do secretário Tiago Mendonça.
Diz-se que Ronaldo Caiado não quer ação política na Secretaria da Saúde e tem apreço pelo secretário Sandro Rodrigues Batista. Mas, dependendo das articulações políticas, outro médico, com boa formação em saúde e com alguma experiência em gestão (daí uma sondagem a Marcos Ávila, que, oftalmologista renomado — operou, entre tantos outros, o escritor Jorge Amado e o político baiano Antônio Carlos Magalhães (ACM), ambos falecidos —, dirige dois hospitais em Goiânia e Brasília e é professor da Universidade Federal de Goiás). Um deputado federal sugere que é preciso retirar o grupo de Ismael Alexandrino da Saúde. “Será positivo para o governo e para a sociedade”, postula, enigmático.
O grupo do prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, do União Brasil, também gostaria de indicar o secretário da Saúde. Há dois nomes cotados: o próprio Paulo do Vale (médico com ampla experiência em gestão, mesmo antes de ser prefeito) e o médico Wellington Carrijo.
Marcos Roberto pode continuar no comando da Secretaria da Comunicação. Mas os nomes de Gean Carvalho (jornalista e pesquisador), de Bruno Rocha Lima e Alexandre Parrode têm sido lembrados por políticos e experts em comunicação. O nome de Marcos Roberto tem sido mencionado para retornar ao Detran e até mesmo para ocupar a Secretaria da Agricultura.
A secretária da Economia, Cristiane Schmidt, tende a ficar, sobretudo se o presidente Jair Bolsonaro for reeleito. A economista, competente e experiente (e importante: decente), mantém ligações estreitas com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Porém, se não ficar, irá um técnico para o seu lugar, com experiência em assuntos econômicos (não experiência teórica, de sala de aula, e sim experiência da lida com contas públicas). O economista Valdivino Oliveira teve seu nome lembrado para a secretaria.
Comenta-se que Ronaldo Caiado vai criar a Secretaria de Infraestrutura, que abrangeria a Goinfra, a Agehab e a Saneago. Seu titular seria Pedro Sales, presidente da Goinfra. Mas a tendência é que a Saneago, que é gigante, fique fora da secretaria. A ideia de uma supersecretaria, de poder demais enfeixado nas mãos de uma só pessoa, não agrada vários integrantes do governo.
Estuda-se a recriação da Secretaria do Planejamento. Assim como é possível que a Secretaria da Retomada seja extinta. Não há por que manter uma secretaria com o nome de Retomada num segundo governo. Técnico eficiente, César Moura pode ir para o Planejamento? Não se sabe, mas é possível.
Lissauer Vieira, se não conseguir ir para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) ou para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), deve assumir a Secretaria de Governo. Vilmar Rocha deve ser indicado para a Casa Civil. Se Vilmar Rocha optar por ficar apenas na presidência do PSD, Francisco Júnior é cotado para o seu lugar (seu nome também tem sido lembrado para o Planejamento).
O deputado federal reeleito Célio Silveira (MDB) é cotado para participar do governo. Mas só assumirá a Secretaria do Entorno do Distrito Federal se não for um órgão decorativo, sem recursos e poder. Porém, se não aceitar o cargo, tende a indicar seu ocupante. Porque é o político mais forte do Entorno de Brasília. O nome de Hildo do Candango chegou a ser citado, mas há quem postule que não se empenhou na campanha de Ronaldo Caiado para governador — cuidando mais da sua (perdeu para deputado federal).
O secretário do Entorno também pode ser indicado por Wilder Morais. Porque, como senador, pode conectar o Entorno ao governo federal.
Ronaldo Caiado vai ampliar a atuação do governo no campo social. Para tanto, pode criar uma Secretaria de Desenvolvimento. O objetivo é criar um modelo de assistência social em Goiás. Ao mesmo tempo em que se reduz a fome, articula-se a inserção das pessoas na sociedade, no mercado. No segundo governo, ainda mais do que no primeiro, o social terá um peso crucial. Por sinal, o governador está mais preocupado com conteúdo do que com mera troca de pessoas. Ele também é preocupado com mais resultados, e menos discursos. A Secretaria da Educação (a secretária ser mantida), por exemplo, conseguiu retirar do papel a ideia de mudança que pretendia implantar (e implantou). A melhoria da educação, que beneficia os pobres e parte da classe média, é, no fundo, um grande programa social. Trata-se, a rigor, de um programa de inclusão social.
O gestor estadual pode criar uma “governadoria” para Aparecida de Goiânia — que ficaria aos cuidados do vice-governador eleito Daniel Vilela.
Adriano Rocha Lima está confirmado na Secretaria da Governadoria. Ele é responsável por algumas das boas ideias do governo.
Sobre o Ipasgo uma coisa é certa: o presidente Vinicius Luz deve começar a limpar as gavetas, no final de dezembro. Tende a ser remanejado.
Juliana Prudente tende a permanecer na Procuradoria-Geral do Estado. É vista como competente e proativa.