Queda do MDB fortaleceu o vereador e vice-prefeito Romário Policarpo
18 abril 2021 às 00h00
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O que faltou em Daniel Vilela, maturidade, sobrou no presidente do Legislativo municipal, que ocupou espaço e garantiu governabilidade para Rogério Cruz
O presidente do MDB, Daniel Vilela, cometeu um grave erro político que o MDB não cometeu entre 1985 e 1989: o partido, mesmo acossado pelo pessoal do então presidente José Sarney, não deixou o governo. Por falta de expertise política, e por ter sido “pilhado” por aliados, o jovem emedebista rompeu com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, do partido Republicanos.
Daniel Vilela retirou seu pessoal da prefeitura alegando que estava sendo “esvaziado” pelo prefeito e por seus aliados, do Republicanos. “Gente de Brasília”. Ocorre que o pecado original não é representado pelo pessoal recém-chegado, pois era esperado que, em algum momento, Rogério Cruz, para se fortalecer como gestor e político, fizesse mudanças estratégicas no secretariado. O pecado original foi o emedebista ter “indicado” praticamente todo o secretariado do prefeito — inclusive seu chefe de gabinete. Ocorre que a gestão não era mais de Maguito Vilela, mas havia se tornado de Daniel Vilela, que, claro, não foi eleito. Se fosse mais realista, o presidente do MDB teria ficado com uma estrutura menor, mas ainda com alguma força política. Optou por ceder ao “impulso” e, possivelmente, à “raiva”.
Com a “queda” do MDB de Daniel Vilela, e como espaço político não fica “vazio” por muito tempo, logo novas forças se compuseram, denotando habilidade e capacidade de articulação, e ocuparam espaço na prefeitura.
Entre os políticos que saíram fortes estão o deputado federal João Campos — que pode ser candidato a senador em 2022 —, o deputado estadual Jefferson Rodrigues, do Republicanos, e o presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo, do Patriota. Sem contar, é claro, que Rogério Cruz assumiu o poder de fato, já que era o prefeito de direito.
De todos, o que aparece menos é Romário Policarpo, mas quase todas as articulações passam por ele. Por dois motivos, apontados por vereadores. Primeiro, o que acerta com os aliados, o jovem político cumpre. Se não pode cumprir, explicita a questão e não ilude ninguém. Ele é confiável. Segundo, além de presidente da Câmara, é o vice-prefeito de Goiânia.
Com a morte de Maguito Vilela, o vice, Rogério Cruz, assumiu e o vice passou a ser, como presidente da Câmara, Romário Policarpo. Portanto, se Rogerio Cruz se afastar por algum motivo — como uma viagem ao exterior —, o vereador assumirá o comando da prefeitura.
Se Rogério Cruz fosse afastado hoje, Romário Policarpo assumiria a prefeitura e teria 90 dias para convocar novas eleições. Ele próprio, estando no cargo de prefeito, se tornaria candidato natural, com chance de ser eleito.
Há um movimento na Câmara para reeleger Romário Policarpo até 2024, ou seja, de maneira antecipada. É a tentativa de um grupo — a maioria absoluta — de fortalecê-lo. Ou seja, ele seria o vice-prefeito por quatro anos, e não apenas por dois anos.
Nas articulações para a remontagem do secretariado, Romário Policarpo foi decisivo — e surpreendeu políticos escolados tanto pela habilidade na articulação quanto pela visão geral do quadro político-administrativo. De certa maneira, com seu apoio, o prefeito Rogério Cruz ganhou governabilidade. A imprensa não documentou bem — talvez tenha se comportado de maneira tradicional (ou esteja agindo como se fosse uma espécie de “viúva” do presidente do MDB) —, mas foi uma grande operação política. Pode-se sugerir que aquilo que faltou a Daniel Vilela — maturidade, paciência, capacidade de operação e profissionalismo — sobrou em Romário Policarpo.